Filho de Benes Leocádio foi atingido por fuzil de uso exclusivo das forças militares

O adolescente Luiz Benes Leocádio Júnior, filho do ex-prefeito de Lajes Benes Leocádio, foi atingido por pelo menos um tiro de fuzil calibre 5.56, de uso exclusivo das forças militares, na tarde do dia 15 de agosto, data em que foi sequestrado por dois criminosos e morto após interceptação da Polícia Militar.

A informação consta na conclusão do laudo balístico dos fragmentos do projétil retirado do corpo do garoto, feito pelo Instituto Técnico-Científico da Polícia (Itep/RN) e acessado com exclusividade pela Tribuna do Norte.

O laudo, de número 03.1715/18, analisa dois fragmentos do projétil, retirados do corpo do adolescente: a jaqueta e o núcleo. Ambos indicam que se trata de um fuzil calibre 5.56. Entre as oito armas recolhidas para a perícia, o projétil deu negativo em sete delas e inconclusivo em uma, por conta de deformações nos fragmentos – o que significa que entre os disparos dessa última pode estar ou não a que atingiu o garoto. Seis dessas armas, incluindo fuzis, foram utilizadas pelos policiais militares durante a interceptação. Outras duas (dois revólveres calibre 38) estavam com os criminosos. Tribuna do Norte

Questionada se seria preciso solicitar um novo exame balístico para tentar identificar novamente de qual arma o projétil 5.56 foi disparado, a delegada Taís Aires, titular da investigação da Polícia Civil, informou que outros indícios elucidam a questão e, portanto, não seria necessário. Entretanto, Aires destacou que a investigação corre em sigilo e não informou quais seriam essas outras provas, nem indicou o autor do disparo.

Somente o laudo necroscópico pode indicar se a bala analisada matou Luiz Benes. O garoto sofreu um disparo no dorso e outro na virilha, conforme foi confirmado por Taís Aires. O laudo balístico não indica qual desses locais o calibre 5.56 foi retirado e não analisa o outro projétil, que transfixou o corpo do garoto – o exame necroscópico também pode indicar de qual calibre era essa segunda bala.

O exame balístico também indica o uso de armas de fogo calibre .40, com projéteis encontrados no veículo que Luiz Benes e os dois assaltantes estavam no momento da interceptação. Neste caso, os testes deram positivo com a arma Carabina Famae, CT 40, entregues pela Polícia Militar para a perícia. Pelo menos outros quatro projéteis que atingiram o carro estão sendo analisados, a fim de a investigação identificar a posição de cada pessoa envolvida no caso.

A delegada Taís Aires aguarda ainda o envio do exame de resíduo de disparo para identificar se os jovens que sequestraram Luiz Benes dispararam contra ele ou contra os policiais militares. Um deles, identificado como Matheus da Silva Régis, 17 anos, também foi morto por um disparo que transfixou o corpo.

Diante das evidências, a delegada confirmou à reportagem que a investigação está perto de ser encerrada. Aberto no dia 17 de agosto, um mês atrás, o inquérito deve permanecer aberto até todos os exames serem enviados à  Polícia Civil. “Provavelmente nos próximos 30 dias vou ter todas as provas técnicas e encaixar todos os indícios encontrados”, afirmou.

Paralelamente ao inquérito da Polícia Civil, a Polícia Militar também investiga as circunstâncias da morte de Luiz Benes e de Matheus da Silva Régis. O inquérito está aberto desde agosto e tem duração de 40 dias. Quatro policiais (uma guarnição) estão sendo investigados. Enquanto não forem julgados, eles estão afastados do patrulhamento ostensivo e trabalham em funções administrativas.

À reportagem, a assessoria de comunicação da Polícia Militar não deu detalhes do inquérito porque ele está sob sigilo. Luiz Benes Leocádio Júnior sofreu um sequestro relâmpago no dia 15 de agosto, próximo ao escritório de campanha do pai, Benes Leocádio, no Tirol. Dois adolescentes tomaram o carro em que Benes estava de assalto e obrigaram o jovem de 16 anos a dirigir, enquanto praticavam crimes.

O carro foi abordado por uma guarnição da Polícia Militar no bairro do Pajuçara, zona Norte de Natal, momentos depois dos dois criminosos praticarem assaltos na região. Segundo o relato dos policiais, os criminosos abriram fogo contra a guarnição e houve resposta. Luiz Benes e Matheus da Silva Régis, um dos criminosos, acabaram atingidos e não resistiram aos ferimentos.

Em depoimento, os policiais militares afirmam que tinham a informação de que Luiz Benes estaria no porta-malas do veículo e, por isso, dispararam contra os ocupantes do carro. Entretanto, o jovem estava no banco da frente do carro. Nenhum dos disparos foi endereçado ao porta-malas.

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