Sem IFA, Fiocruz para amanhã produção de vacinas; volume será afetado

Dado Ruvic/Reuters

Depois do Instituto Butantan, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) paralisa a partir de amanhã (20) a produção da vacina Oxford/AstraZeneca contra a covid-19, também por falta de insumos. A interrupção deve afetar o volume de entregas ao PNI (Plano Nacional de Imunização) ao longo do mês de junho.

A fundação confirmou ao UOL que os trabalhos na fábrica de Bio-Manguinhos serão paralisados em razão “do rápido escalonamento de produção que a Fiocruz atingiu”.

As remessas de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) vêm sendo consumidas antes do tempo previsto inicialmente, e será necessário interromper a produção na próxima quinta-feira (20/5) até a chegada do novo lote de insumo

Comunicado da Fiocruz

Menos entregas em junho

Segundo a Fiocruz, uma remessa de IFA “com dois lotes para a produção da vacina Covid-19 e não apenas um” chegará no próximo sábado (22) em razão da antecipação de uma remessa anteriormente prevista para 29 de maio.

Depois da produção das doses, a Fiocruz leva cerca de 20 dias para garantir o controle de qualidade antes de entregá-las ao Ministério da Saúde. Por esse motivo, a fundação afirma que a entrega de 1 milhão de doses por dia está garantida somente até 8 de junho graças às doses produzidas até o dia de hoje.

A produção interrompida amanhã deve ser retomada apenas no dia 26, depois do IFA recebido no sábado passar por três dias de descongelamento. Se hoje a Fiocruz entrega entre 4 e 6 milhões de doses por semana, é possível que esse número caia para 3,5 e 4 milhões em junho por conta da interrupção.

Apesar de a paralisação impactar no volume das doses entregues a partir da segunda semana de junho, a fundação descarta interrupção das entregas.

O último carregamento de matéria-prima desembarcou da China há 25 dias. Nos dois primeiros meses do ano, as vacinas chegaram prontas da Índia. Em março, começou a produção com o IFA importado. No mês seguinte, a Fiocruz superou a meta do mês.

Na última sexta (14) a fundação entregou 4,7 milhões de doses, 600 mil a mais do que o inicialmente previsto. Era a terceira semana em que a instituição superava o montante de doses prometidas ao PNI.

No mesmo dia, a Fiocruz anunciou o adiamento —sem previsão de nova data— do início da produção nacional de IFA para a vacina Oxford/AstraZeneca. Em 7 de maio, o vice-presidente da fundação, Mário Moreira, havia prometido que a produção do insumo começaria em 15 de maio com distribuição das vacinas produzidas já a partir de outubro.

Butantan também parou produção

No dia 14 de maio, o Instituto Butantan também parou a produção da CoronaVac em razão da falta de matéria-prima para sua produção. O IFA recebido no dia 19 de abril já foi completamente processado e “a produção será retomada assim que mais insumos chegarem”, diz em nota.

No dia 17, o Butantan informou que um lote com 4.000 litros de matéria-prima para a CoronaVac chegará ao Brasil em 26 de maio. O carregamento será suficiente para a produção de 7 milhões de doses.

De acordo com o instituto, “não há qualquer entrave relativo à disponibilização de IFA ao Butantan por parte da biofarmacêutica Sinovac”, laboratório chinês responsável pelo desenvolvimento do imunizante.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), porém, afirmou que a postura do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à China dificulta a liberação dos insumos da CoronaVac para envio ao Brasil.

“O Butantan é o segundo maior cliente da Sinovac, só perde para o próprio governo da China. Não há nenhuma razão para que a Sinovac não queira fornecer para o seu segundo maior cliente do mundo”, afirmou.

 

UOL

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