RN atinge pico da pandemia de Covid-19, diz Secretaria Estadual de Saúde

Alessandra Lucchesi, subcoordenadora de vigilância epidemiológica do RN — Foto: Governo do RN/Reprodução

O Rio Grande do Norte atingiu o pico da pandemia de Covid-19 nesta quinta-feira (25), segundo garantiu Alessandra Lucchesi, subcoordenadora de vigilância epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap). A ocupação de leitos está em 96%.

“Analisando o cenário epidemiológico, a gente consegue evidenciar que estamos sim no pico da pandemia aqui no estado”

Em outras palavras, isso significa dizer que o estado chegou ao pior estágio da doença e a tendência é de que a curva dos casos confirmados e de óbitos por coronavírus se estabilize e comece a cair em seguida. No entanto, é necessário passar pelo pico para saber se ele, de fato, foi atingido.

Por esse motivo, a Sesap afirma que irá observar o comportamento da doença pelos próximos 10 dias. O panorama anunciado nesta quinta-feira (25) pela pasta é baseado no cenário atual (casos, mortes e taxa de transmissibilidade), que reflete o período de uma a duas semanas atrás, o que é chamado de “delay” epidemiológico.

“Vale salientar que existem diferenças de região para região, são muitas variáveis, mas isso é o que temos hoje. Os dados de hoje informam o que aconteceu há sete, dez, doze dias atrás. O que nós esperamos é que o número de casos e mortes continue alto, mas não crescente de forma exponencial, e depois a curva comece a cair”, explica Alessandra Lucchesi.

O quadro do Rio Grande do Norte mostra que a doença cresceu rapidamente ao longo das últimas semanas, o que para a Sesap é o principal indicativo de que a pandemia tenha atingido o seu pior momento. Na quarta-feira (24), o estado registrou 64 mortes em 24 horas.

Mais da metade dos óbitos e casos confirmados desde o início da pandemia no estado, no dia 12 de março, foram registradas no mês de junho. Segundo a Sesap, o RN tem 22.599 casos confirmados e 858 óbitos por coronavírus, os dados divulgados em entrevista coletiva deverão ser publicados no boletim epidemiológico da secretaria nesta quinta (25).

Fatores que apontam para o pico

Número de novos casos e mortes por dia

O primeiro deles são as estatísticas oficiais de novos casos e mortes registrados por dia. Enquanto esses números estiverem crescendo, não dá para dizer que passamos do pico. E a queda não pode ser pontual. Deve se manter por pelo menos duas semanas, período de incubação do novo coronavírus e tempo que os epidemiologistas consideram suficiente para saber que não foi só uma oscilação.

Taxa de transmissibilidade

Um segundo índice usado por epidemiologistas para saber o rumo de uma pandemia é a taxa de reprodução de um vírus, também conhecida como Rt. O nome parece complicado, mas o conceito é simples: ela indica quantas pessoas em média são infectadas por alguém que já está contaminado pelo novo coronavírus, o Sars-CoV-2.

Quando este índice estiver caindo e se aproximando de 1, mais próximo estamos do pico da epidemia. E só podemos dizer que passamos dele quando o índice fica abaixo de 1 por um período consistente. No RN esta taxa está em 0,7. Isto é, um grupo de 10 pessoas transmite a Covid-19 para outras 7.

Casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG)

No Brasil, onde são feitos poucos testes de Covid-19 em comparação com outros países, outro índice ganhou importância no acompanhamento da evolução da pandemia.

Os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) são notificados oficialmente pelos hospitais no Brasil desde a pandemia de H1N1 em 2009. O H1N1 afeta a respiração assim como o novo coronavírus. Quando uma pessoa procura ajuda médica, isso é registrado pelo Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Esse dado não é afetado pelos problemas ligados à baixa testagem, como a subnotificação de Covid-19, porque a síndrome respiratória só depende de exames clínicos para ser diagnosticada.

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