Reunião entre Tasso e deputados do PSDB acaba em bate-boca

O clima tenso entre parlamentares do PSDB — divididos entre os que apoiam o senador Aécio Neves (MG) e os que apoiam Tasso Jereissati (CE) — culminou em bate-boca e gritaria nesta terça-feira, durante reunião de Tasso com a bancada de deputados do partido. O encontro, na liderança do PSDB na Câmara, foi marcado pelo líder Ricardo Tripoli (PSDB-SP) para que o publicitário Moriael Paiva, da empresa Ideia Big Data e contratado por Tasso, fizesse uma exposição sobre o plano de reestruturação de comunicação da sigla nas redes sociais.

Entretanto, a contratação de Moriael — que trabalhou nas campanhas do PT para a Presidência e o governo de Minas Gerais em 2014, derrotando as candidaturas de Aécio Neves e Pimenta da Veiga, respectivamente — enlouqueceu os deputados das bancadas mineira e goiana. As bancadas são ligadas ao governador Marconi Perillo (GO), que deve disputar com Tasso a presidência do partido na convenção de dezembro.

O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) levou reproduções de postagens de Moriael com ataques ao PSDB e ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Segundo Sávio, o texto dizia que a merenda escolar oferecida pelo governo de São Paulo era de péssima qualidade e “quase podre”.

— Esse senhor (Moriael) e essa empresa (Ideia Big Data) usaram métodos criminosos contra o PSDB e ajudaram a inviabilizar a eleição de Aécio à Ppresidência. E continua com o PT, agora denegrindo de forma criminosa a imagem do Alckmin. Essa empresa é ligada a Pepper, que está envolvida na Operação Acrônimo, que investiga o (governador de Minas Gerais, Fernando) Pimentel. Não podemos aceitar a contratação de uma figura que era nosso inimigo e agia no submundo para nos derrotar — protestou Domingos Sávio.

Ricardo Trípoli tentou pacificar a situação:

— Mas publicitário é assim mesmo, um dia está com um e outro dia com outro. Ele ajudou o PT a ganhar. O Duda Mendonça uma hora está com um candidato, na eleição seguinte com outra — argumentou.

TASSO QUESTIONADO

A gota d’água aconteceu quando Tasso foi confrontado pelo deputado Giusepe Vechi (PSDB-GO), que perguntou se ele estava aproveitando para lançar esse plano estratégico de comunicação a 40 dias da convenção e se candidatar a presidente do partido.

— Esse assunto não está na pauta, não tenho que responder sobre isso agora. Não vim aqui para isso — respondeu Tasso.

A partir desse momento, uma confusão tomou conta da reunião, que descambou para a gritaria. Depois do encontro, Tasso reafirmou que manterá a contratação do publicitário, que ele diz ter conhecido como assistente do ex-ministro Sérgio Motta e que fora contratado como pessoa física para a campanha de Pimentel em 2014.

— Foi uma reação delirante de Minas e Goiás. Não entendi, uma coisa atabalhoada. Esse PSDB desses caras não é o meu PSDB. Mas, enquanto eu for presidente interino, vou continuar até o fim com o projeto de reestruturar o PSDB — disse Tasso, mostrando disposição de confrontar o grupo opositor.

O deputado federal Otávio Leite (PSDB-MG) disse que nunca viu uma briga como essa no partido

— Foi um conflito que eu nunca vivenciei antes no PSDB. Nunca vi uma corda tão esticada, uma atitude tão beligerante, perderam a razão. Se as grandes lideranças do PSDB não entrarem em campo para uma unificação, estamos a beira de uma ruptura geral — comentou.

Os deputados que cobraram a demissão do publicitário Moriael Paiva ficaram indignados com a divulgação de parte de uma pesquisa realizada pela empresa Ideia Big Data e que mostrou a deterioração da imagem do PSDB, antes de ser apresentada ao partido.

— Acho que o presidente interino não poderia ter contratado uma empresa que agiu de forma tão antiética contra a gente, que tirou a presidência do PSDB em 2014 e agora vem combatendo o Alckmin nas redes e divulgou uma pesquisa sobre a imagem ruim do partido antes de discutir com as bancadas ou a Executiva — protestou o deputado Paulo Abi-Ackel (MG).

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