PT domina cinco capitais há 20 anos e perde hegemonia em quatro

Em Natal, o Partido dos Trabalhadores oscilou na opinião pública desde 2002

Os mapas dos votos válidos registrados nos segundos turnos das eleições presidenciais de 2002 para cá permitem afirmar que cinco capitais brasileiras se mantêm fiéis ao petismo, em maior ou menor proporção, nos últimos 20 anos. São elas: Salvador, Teresina, São Luís, Fortaleza e Recife.

Pesquisas feitas a partir da plataforma Geografia do Voto, parceria entre o Estadão e agência Geocracia, especializada em geoinformação, mostra ainda que, em 2018, a população de Aracaju também não elegeu o atual presidente, Jair Bolsonaro, mas havia optado pelo tucano José Serra em 2010, quebrando, portanto, o ciclo de apoio a candidatos do PT. Já Maceió e Natal, também na região Nordeste, oscilaram entre petistas e tucanos desde 2002. Por fim, João Pessoa mudou de posição só na eleição passada.

Para o geógrafo e cientista político Luiz Ugeda, criador da ferramenta, as capitais mais fiéis ao petismo são dos estados com as maiores geografias interioranas do Nordeste. “No semiárido, o PT sempre foi imbatível, o que é uma questão geográfica também. Tem muito a ver com a transposição do Rio São Francisco e as bandeiras regionais”, afirmou.

Pelo país

Quando a análise se dá em todo o País, é possível observar outras capitais que deixaram o petismo só em 2018: Manaus e Macapá, no Norte; e Rio, no Sudeste. Na capital fluminense, no entanto, os mapas ilustram que o apoio diminui gradativamente. Quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se elegeu presidente pela primeira vez, em 2002, a população do Rio deu a ele 80,96% dos votos válidos. Quatro anos depois, essa taxa caiu a 65,91% e, com Dilma Rousseff, foi de 60,98% (2010) e 50,76% (2014). Em 2018, a cidade virou reduto de Bolsonaro, ajudando em sua eleição com 66,35% dos votos.

Em Manaus, essa mudança é percebida de forma mais radical. Em 2006, quando Lula foi reeleito, a capital do Amazonas foi a que lhe deu mais votos proporcionais: 721 mil votos ou 87,34% do total. Na época, o adversário, Geraldo Alckmin (então no PSDB), que hoje é vice na chapa de Lula pelo PSB, somou 12,65%. O apoio se manteve em 2010 e 2014, mas em 2018 o cenário mudou e os manauaras deram 65,71% dos votos válidos a Bolsonaro contra 34,28% a Fernando Haddad (PT).

Estadão Conteúdo

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