Projeto sobre educação física e cinema ganha prêmio nacional

O que esperar de aulas de educação física? Provavelmente, muitos associam a disciplina unicamente à prática de esportes. É quase unanimidade que as quadras são os melhores cenários para as aulas e que os alunos podem aproveitá-las para “suar a camisa”. Porém, o professor Alison Batista, do IFRN Parnamirim, juntamente com membros dos Grupos de Estudos Corpo e Cultura de Movimento (GEPEC) e do Laboratório de Estudos em Educação Física, Esporte e Mídia (LEFEM), da UFRN, desenvolve pesquisas que dão um caráter humano à educação física, fazendo com que sejam trabalhadas temáticas relevantes na contemporaneidade. Junto ao esporte, conteúdos como gênero, ética e dopping também ganham destaque.

Em parceria com os grupos de pesquisa, o professor Alison Batista desenvolveu o projeto “LUZ, CÂMERA, AÇÃO! Uma experiência pedagógica com o ensino do esporte” e conquistou o Prêmio Professores do Brasil. O prêmio é uma iniciativa do Ministério da Educação e de empresas parceiras e busca reconhecer, divulgar e premiar o trabalho de professores de escolas públicas que contribuem para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem desenvolvidos nas salas de aula.

Com o projeto, o professor Alison Batista foi premiado na categoria Ensino Médio, nas etapas estadual e regional/temáticas especiais. Ele vai participar do evento final de premiação, que acontecerá no mês de dezembro, em São Paulo. No evento, os vencedores do prêmio poderão compartilhar experiências sobre os trabalhos desenvolvidos.

O projeto idealizado pelo professor Alison Batista teve como ponto de partida a pesquisa de mestrado “Educação física escolar e cinema: experimentando novas formas de ensinar no ensino médio”, realizada pelo professor Rafael de Gois Tinoco, e aplicado no primeiro semestre letivo de 2016, em turmas do 2º ano do ensino técnico integrado ao médio do Campus Parnamirim. As aulas voltadas para a execução do projeto exploraram o ensino das modalidades esportivas a partir da linguagem audiovisual.

Os alunos foram incentivados a pensar o esporte numa perspectiva social. “A educação física tem tentado quebrar com a lógica de ir pra quadra e começar a suar; o conteúdo da educação física tem se ressignificado de muitas formas”, afirma Allyson Carvalho, professor orientador da pesquisa de mestrado. Dessa forma, os alunos, além de conteúdos que dizem respeito às práticas corporais, aprenderam conteúdos voltados para o audiovisual e produziram curtas-metragens que apresentavam temáticas que abrangiam o esporte e questões sociais. “Trazendo a linguagem cinematográfica, a gente faz com que o aluno tenha um olhar mais crítico e reflexivo sobre o conteúdo dos esportes”, falou o professor Rafael Tinoco.

Para os três professores, o prêmio tem uma grande importância para a área da educação física. “A educação física é o componente curricular mais recente da grade curricular, e assim ela se coloca em pé de igualdade com outras disciplinas” afirmou, orgulhoso, o professor Allyson Carvalho. Após o desenvolvimento do projeto nas aulas de educação física, alguns alunos ainda entravam em contato com os professores, comunicando que estavam instigados e que continuavam a produzir audiovisual e a participar de festivais, como o Festival Internacional de Cinema de Baía Formosa. Determinada situação chamou a atenção dos professores, no auge do debate sobre a reforma do ensino médio, alguns alunos se manifestaram pelas redes sociais, eles nos diziam “Nossa, que absurdo, querem tirar a educação física do ensino médio, a gente aprendeu tanta coisa nessa disciplina, o tom de indignação era presente na fala de muitos alunos”, afirmou o professor Allyson Carvalho.

Para Alison Batista, o desenvolvimento desse tipo de projeto é uma oportunidade para reinventar a prática dos professores e buscar elementos que motivem a aprendizagem dos estudantes. Além disso, o professor afirmou: “nós demos destaque a dois fenômenos culturais de grande peso na sociedade, o esporte e o cinema, e estabelecemos esse diálogo, sem descaracterizar a educação física, mas dando uma nova perspectiva”. A parceria com o IFRN foi destacada por Allyson Carvalho, orientador do projeto de mestrado. “O IFRN é um espaço de experimentação do que a gente pensa para um novo olhar para a educação física, porque é um espaço onde se tem condições objetivas de trabalho para qualquer profissional da educação básica”.

Sobre a possibilidade de desenvolver projetos dessa natureza em outros campi, Alison Batista, professor da Instituição, falou acerca do II Encontro de professores de educação física do IFRN, que está previsto para acontecer no primeiro semestre de 2018, no Campus Canguaretama: “no evento, a gente quer dedicar alguns momentos para relatos de experiência, rodas de conversa, para compartilhar e trocar experiências como essa entre os professores”.

Destaque

Na etapa estadual do Prêmio Professores do Brasil, o projeto “Aprender a relaxar e relaxar para aprender: metodologias ativas de ensino em Biologia”, desenvolvido pela professora Carolina Corado da Silva Oliveira, do Campus Avançado de Cidade Alta, foi destaque, como um dos melhores do Rio Grande do Norte. O combate da ansiedade e do estresse, muito comuns na rotina dos alunos, foi a temática central do projeto, que tinha como objetivo desenvolver estratégias para tranquilizar os alunos no momento das avaliações.

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