Presidente do PSB diz que Maia não deveria estar preocupado em ‘cooptar deputados’

Carlos Siqueira

Em visita a São Paulo para jantar com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira (PE), disse ao Estado que o partido está “100% fechado” com a candidatura do vice-governador Márcio França (PSB) ao Palácio dos Bandeirantes no ano que vem. O dirigente pessebista também reagiu ao assédio do DEM aos deputados da bancada.

Qual o objetivo da reunião desta quarta, 26, da cúpula do PSB com o governador Geraldo Alckmin?

Será uma troca de impressões sobre a conjuntura nacional. A crise está sendo longa e grave.

Como avalia esse assédio explícito do DEM aos deputados do PSB para que mudem de partido?

Independente do (presidente da Câmara) Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma ala do PSB resolveu se rebelar contra uma decisão unânime da direção nacional de romper definitivamente com o governo Michel Temer. Esses deputados resolveram continuar apoiando o governo, e isso gerou essa expectativa no DEM. Mas será estranho que alguém que está no PSB, um partido da esquerda tradicional que vai completar 70 anos, migre para o DEM. De qualquer forma, o Maia, que é um pretenso presidente da República, poderia estar mais preocupado em discutir com os partidos e a sociedade o enfrentamento da crise do que cooptar deputados. Mas é um direito dele fazer isso.

Há consenso para que o governador de São Paulo, Márcio França, assuma a presidência nacional do PSB?

Nos entendemos muito bem. Márcio é meu amigo pessoal, além de companheiro. Temos conversado. Tudo deve caminhar para a unidade

Em torno dele?

Não se sabe ainda. Estamos conversando. Primeiro vamos encaminhar esse problema interno. A decisão de sair do governo contou com o voto do Márcio França e de todos os demais da executiva. Não foi uma reunião dividida. O afastamento dos quatro deputados do PSB que votaram a favor da reforma trabalhista também foi unanimidade. O próprio Márcio França referendou minha decisão. Sobre os temas centrais não há divisão.

É possível retomar na Câmara a aliança PSDB com o PSB e reeditar o bloco da “antiga oposição” para atuar de forma  independente em relação a Temer?

O governo Temer é uma página virada. Em termos políticos, ele foi liquidado no dia 17 de maio com a gravação do Joesley (Batista, da JBS). Se sobreviver, será um governo moribundo. Mesmo se Temer chegar ao final do mandato, ele já não representa qualquer expectativa de futuro.

Mas o PSDB  e PSB podem atuar juntos no Congresso?

Temos posições diferentes. O PSDB apoia as reformas e nós temos uma posição programática diferente. Em alguns temas pode ser que haja uma posição comum. Mas não vejo uma atuação em bloco.

O PSB deve apoiar Geraldo Alckmin em 2018?

Não devemos fechar a porta para nenhuma solução, mas ainda é cedo para tomar qualquer decisão sobre 2018. Vamos deixar para tratar disso em 2018.

Em São Paulo o PSDB lançará Márcio França, que é vice-governador, para a sucessão de Alckmin?

Cem por cento do partido apoia a candidatura de França para o governo de São Paulo e Márcio Lacerda (ex-prefeito de Belo Horizonte) em Minas Gerais. Nesses dois Estados é fundamental termos candidatura própria.

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