Ocupação de leitos nas UPAs de Natal chega a 85% e pressiona hospitais

*Tribuna do Norte

O avanço no número de infectados por coronavírus em Natal culminou na lotação dos leitos em três das cinco Unidades de Pronto Atendimento (UPA) que atendem a população de Natal. A indisponibilidade de vagas nesses estabelecimentos ocorre uma semana depois dos leitos gerais de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destianados aos pacientes com Covid-19 nos hospitais públicos do Rio Grande do Norte ficarem, a maioria, completamente ocupados. Das cinco UPAs existentes na capital potiguar, três não tinham mais leitos vagos na segunda-feira, 18; uma estava com 60% ocupado e outra, com metade, segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS). Com isso, a taxa de ocupação dos leitos das UPAs na capital chegou a 85%.

Além da internação nesses estabelecimentos de saúde, que possuem leitos com respiradores, Natal também possui leitos no Hospital Municipal e no Hospital de Campanha. No primeiro, que se tornou uma unidade exclusiva para atendimento para casos de Covid-19 desde meados de abril, 12 pacientes estavam internados em UTI (70% de ocupação) na segunda-feira e 16 estavam em leitos clínicos (38% de ocupação). O Hospital de Campanha, com 100 leitos de observação, possuía 8 pacientes internados até aquela data.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Natal, a unidade provisória, no antigo Hotel Parque da Costeira, está com os 100 leitos prontos para serem ocupados. Esses espaços são clínicos e não possuem estabilização, que necessita de respiradores e é destinado para pacientes em estados mais críticos, mas que não conseguem vaga em UTIs. A pasta respondeu que as transferências para o Hospital de Campanha acontecem “de acordo com a condução clínica do paciente”. “Se o médico achar que o paciente precisa de internação, ele poderá ser transferido”, informou a assessoria de comunicação da SMS Natal.

A lotação das Unidades de Pronto Atendimento da capital acontece no momento em que o número de internações nas redes de saúde pública e privada aumental consideravelmente. No dia 18 de maio, data na qual os dados foram compilados pela SMS Natal, 116 pessoas estavam internadas em todo Rio Grande do Norte, em leitos clínicos, semi intensivos ou de UTI de unidades públicas específicos para a Covid-19. A quantidade de pacientes é mais que o dobro em duas semanas: no dia 2 de maio, eram 116 internados, segundo as informações da Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap/RN).

A reportagem procurou a SMS Natal nesta quarta-feira, 20, para pedir dados mais atualizados da ocupação dos leitos, mas não recebeu as respostas até a edição desta reportagem. As internações chegaram a 393 pacientes em todo território estadual.

Ocupação rápida
O avanço rápido de internações sobre o Pronto Atendimento é um agravante para a superlotação de todos os leitos públicos da capital porque essas unidades representam a porta de entrada dos pacientes com Covid-19 no sistema público de Saúde. Com a ocupação de todos os leitos de UTI dos hospitais públicos da Região Metropolitana de Natal, que cobrem a capital e os outros municípios, as unidades de Pronto Atendimento retém os pacientes em estado grave até a liberação de vagas.

Em entrevistas coletivas, o secretário-adjunto de Saúde do Estado, Petrônio Spinelli, têm citado que o sistema de saúde não entrou em colapso, apesar da superlotação dos leitos de UTI, por causa da disponibilidade de novos espaços de estabilização com respiradores, mas reconhece a pressão sobre as UPAs. “Natal tem uma pressão muito grande, já que as portas de emergência da capital acontecem em unidades municipais, as UPAs, essencialmente”, afirmou nesta quarta-feira, 20.
Além da região metropolitana de Natal, as regiões Oeste e do Alto Oeste apresentam uma lotação próximo da máxima dos leitos de UTI. Em todo o Estado, 11 pessoas estão em “estado muito grave” (prioridade 1) e aguardam transferência para leitos de UTI nos hospitais de referência para os casos graves de Covid-19; nove em estado grave; e outras 53 pessoas estão em observação, mas que não podem ficar em unidades de saúde por não ter espaço suficiente.

Mortes no RN
Até esta quarta-feira, 20, de acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap/RN), o Estado contabilizava 170 óbitos por Covid-19; 3.796 confirmados; 11.781 casos suspeitos e 992 casos confirmados do novo coronavírus. A pasta investiga ainda 50 óbitos e já descartou 102 mortes e outros 8.474 casos por coronavírus.

Negociação entre Município e Estado
A Secretaria Municipal de Saúde de Natal iniciou uma negociação com a Secretaria de Estado de Saúde Pública do RN para “empréstimo” dos equipamentos para possibilitar a instalação. Segundo o secretário-adjunto do Estado, Petrônio Spinelli, a negociação busca “emprestar equipamentos que estão em processo de aquisição [pela secretaria municipal] para abrir leitos”.

Os equipamentos seriam destinados ao Hospital Municipal, que estava com 70% de ocupação na segunda-feira, 18, mas chegou a estar lotado na semana passada. Segundo Spinelli, a unidade possui respiradores, mas não tem monitores. “Esses monitores são necessários para avaliar a evolução clínica do paciente”, disse.

A negociação também inclui a disponibilização de seis respiradores do Estado para o Município para instalação de leitos de estabilização no Hospital de Campanha, até então inexistentes na unidade. A Secretaria Municipal de Saúde de Natal está com um processo de compra de respiradores e o acordo estabelece que os equipamentos do Estado ficam disponíveis até a chegada dos novos.

Esses leitos são avaliados como necessários porque garantem assistência a pacientes em estados mais graves. “Do jeito que a Covid-19 acontece, a qualquer momento quem está no leito de enfermaria pode piorar e precisar de um leito de UTI, de um respirador. Eles precisam associar, para ganhar capacidade resolutiva, leitos de UTI”, continuou o secretário-adjunto do Estado.

Na semana passada, um paciente que estava internado em uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) foi transferido para o Hospital de Campanha e voltou para a UPA em menos de 24 horas para ter assistência respiratória. A Secretaria Municipal de Saúde afirmou que a transferência do paciente de volta para a UPA ocorreu por causa do agravamento do quadro de saúde dele e que ele aguardava regulação para uma vaga de UTI no Hospital Municipal de Natal.

Números – Ocupação das Unidades de Pronto Atendimento de Natal até às 11h30 do dia 18/05/2020.

UPA Esperança
09 leitos
09 pacientes
100% ocupação

UPA Pajuçara
07 leitos
04 pacientes
60% ocupação

UPA Potengi
07 leitos
07 pacientes
100% ocupação

UPA Pescadores
04 leitos
02 pacientes
50% ocupação

UPA Sul (Satélite)
08 leitos
08 pacientes
100 % ocupação

Hospital Municipal de Natal
18 leitos de UTI
12 pacientes
70% de ocupação
53 leitos clínicos
16 pacientes
38% ocupação

Hospital de campanha
100 leitos clínicos
08 pacientes

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS Natal)

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