Ministro Gilmar Mendes é o campeão da safra de marchinhas

Simpatia É Quase Amor durante o Carnaval de 2016; neste ano, bloco terá marchinha com crítica ao prefeito do Rio, Marcelo Crivella

No Carnaval, perder-se pelas avenidas da cidade ou desaparecer no turbilhão da galeria, para citar o verso do samba “Camisa Amarela”, de Ary Barroso, era um direito do cidadão. Isso antes da invenção do celular. Hoje, mesmo que o camarada vista só tanga e cocar, o apêndice eletrônico vai junto, como parte inseparável do corpo.

O prazer só não foi totalmente estragado porque ainda se pode aproveitar a folia para tirar onda em cima dos poderosos. É uma tradição que vem desde os primeiros tempos da República: não há fato relevante na política brasileira que não tenha provocado a criatividade de nossos compositores.

O ministro Gilmar Mendes é o campeão da safra 2018. Ele aparece como personagem em uma penca de marchinhas. A melhor delas leva a assinatura do veterano João Roberto Kelly: “Alô, alô, Gilmar/ Eu tô em cana/ Vem me soltar”). Na mesma batida seguem a Orquestra Royal (“Começou o Carnaval do Gilmar/ Liberou a brincadeira/ Quero ver quem vai dançar/ A dancinha da tornozeleira”) e os Marcheteiros (“Gilmar soltou/ Soltou a franga/ Largou a tonga/ Agora só anda de tanga”). As informações são do Escritor e jornalista Ruy Castro –  Folha de São Paulo.

Garoto de calças curtas, eu não tinha idade para conferir o desfile do Império Serrano em 1969, logo após a decretação do AI-5. Arrepio só de pensar na escola cantando os “Heróis da Liberdade”. Este ano Michel Temer será uma das vedetes do Sambódromo. A Paraíso do Tuiuti vai mostrar um boneco gigante do presidente fantasiado de vampiro e sentado num saco cheio de dinheiro.

Inimigo número um do Rei Momo e do Rio, o prefeito-bispo não poderia escapar da brincadeira. O bloco Simpatia É Quase Amor pergunta: “Ensaio de escola?/ Ele mela/ Roda de samba?/ Atropela/ Macumba?/ Não tolera/ Só gosta de bloco nutella/ Ele não cuida/ Nem zela/ Casa de jongo?/ Cancela/ Em nome de Deus, apela/ Qual o nome do hômi”?.

Alvaro Costa e Silva

Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista.

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