Ministério Público pede ao TSE aplicação de multa a Bolsonaro por propaganda eleitoral antecipada

Imagem de Bolsonaro em evento que consta na decisão judicial Foto: TV Brasil / Reprodução

O Ministério Público apresentou um pedido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para abertura de processo contra o presidente Jair Bolsonaro por possível propaganda antecipada. Pela lei eleitoral, a punição para esse tipo de conduta vedada a agente público é pagamento de multa. A representação foi distribuída para o ministro Edson Fachin, do TSE.

Em cerimônia oficial de entrega de títulos de propriedade rural, realizada ontem em Marabá (PA), o presidente exibiu uma camiseta com a mensagem “É melhor Jair se acostumando. Bolsonaro 2022”, que ganhou de presente. O ato foi transmitido ao vivo pela TV Brasil.

“Ora, a conotação eleitoral do fato sob análise é evidente, na medida em que o ato houve expressa menção ao pleito eleitoral de 2022 e a notório candidato à disputa da Presidência da República”, diz trecho da petição.

“A camiseta exibida pelo representado Jair Messias Bolsonaro não traduzia simples apoio a ele, o que seria, a princípio, lícito. Ao fazer expressa menção ao pleito eleitoral de 2022 e, consequente, à pretensa candidatura do representado – estampa BOLSONARO 2022 , houve claro ato de antecipação de campanha, ao qual o primeiro representado conscientemente aderiu, uma vez que analisou a estampa da vestimenta antes de exibi-la aos presentes”, continua o texto.

Para o vice-procurador-geral Eleitoral, Renato Brill de Góes, que assina a peça, “restou insofismável não se tratar de um mero ato público oficial típico de governo, mas sim de um verdadeiro ato público de campanha eleitoral antecipada, com promoção pessoal do representado Jair Messias Bolsonaro na condição de candidato às eleições de 2022”.

Além de Bolsonaro, que seria punido duplamente, caso o pedido seja acatado, o procurador também pede a condenação do Pastor Silas Malafaia, do Secretário Especial de Assuntos Fundiários, Nabhan Garcia, e do deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA), que acompanharam o presidente no evento.

No evento, Joaquim Passarinho questionou o resultado de pesquisas eleitorais realizadas no Pará, dizendo que elas devem ter sido feitas no subúrbio de Belém, e afirmou que é preciso verificar no interior do Estado “quem é que tem respeito do Presidente Bolsonaro”.

“Esse povo aqui vai para rua. Pode ter imprensa contra. Ninguém tem medo de estampar o nome do Presidente Bolsonaro na sua camisa (…) Vocês são Presidente Bolsonaro. Quem faz o Presidente Bolsonaro é o homem do campo”, afirmou, em trecho citado na petição.

Já Nabhan Garcia afirmou que, em 20 anos de governos anteriores, sem citá-los nominalmente, foram entregues 40 mil títulos de propriedade, enquanto Bolsonaro “está entregando 50 mil títulos”.

“Essa é a diferença, é essa a de um governante, de um Presidente da República que governa para seu povo, sem demagogia, sem essa politicagem que nós estamos cansados. Essa é a diferença de um Presidente, prudente, que governa para seu povo. Em dois anos e meio, 50 mil títulos. Governos anteriores, em 20 anos, 40 mil títulos”, disse Nabhan.

Na representação, o procurador cita que Silas Malafaia fez um “discurso inflamado”, fazendo duras críticas aos “inimigos” do presidente, dizendo que tais pessoas “saquearam o país” e “não vão mais enganar o povo”.

Brill de Góes considera que “o discurso de Silas Malafaia evidentemente foi dirigido ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, notório pré-candidato à Presidência da República em 2022”.

O Globo

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