Justiça Federal manda prender Delúbio, ex-tesoureiro do PT

Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, que teve a prisão decretada

A 13ª Vara Federal de Curitiba expediu um mandado de prisão contra Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, na noite desta quarta (23). Mais cedo, o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) negou os últimos recursos de Delúbio e determinou a execução provisória da pena.

Em março deste ano, a corte aumentou a pena de Delúbio de cinco para seis anos de prisão, por lavagem de dinheiro. Nesta quarta, os juízes da 8ª turma entenderam que não cabiam embargos de declaração da decisão.

O juiz federal João Pedro Gebran Neto afirmou que “a simples discordância da parte contra os fundamentos invocados e que levaram o órgão julgador a decidir não abre espaço para o manejo dos embargos de declaração”.

Também foram condenados nesta ação o economista Luiz Carlos Casante e os empresários Ronan Maria Pinto, Natalino Bertin e Enivaldo Quadrado.

O ex-tesoureiro era acusado de lavagem de dinheiro por ter solicitado, segundo o Ministério Público Federal, um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões em favor do PT, em 2004.  Ana Luiza Albuquerque – Folha de São Paulo

O financiamento foi obtido no banco Schahin pelo pecuarista José Carlos Bumlai e parte dos recursos —R$ 6 milhões— foi repassada ao empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC.

Os investigadores do caso suspeitam que o motivo da extorsão tenha sido a compra do silêncio sobre o caso Celso Daniel, prefeito petista de Santo André (SP) assassinado em 2002. A suspeita, no entanto, não foi esclarecida nem constitui objeto da denúncia.

“Agrego apenas que, tratando-se de crimes de gravidade, inclusive lavagem de dinheiro, com produto milionário do crime financeiro destinado, por motivos ainda obscuros, a terceiro e no interesse de agente do Partido dos Trabalhadores, e mediante inúmeras transações fraudulentas, a execução após a condenação em segundo grau impõe-se sob pena de dar causa a processos sem fim e a, na prática, impunidade de sérias condutas criminais”, escreveu o juiz Sergio Moro no despacho.

No último dia 11, Delúbio arrancou aplausos de petistas ao se despedir de integrantes da CNB (Construindo um Novo Brasil), maior força interna do partido.

Na ocasião, ele se emocionou ao afirmar que não poderá estar ao lado dos correligionários na organização da próxima campanha presidencial.

Ele já tinha sido condenado a seis anos e oito meses de prisão no processo do mensalão pelo crime de corrupção ativa. Preso em 2013, foi autorizado no fim de setembro de 2014 a cumprir o restante da pena em prisão domiciliar. Em março de 2016, o STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu o perdão da pena.

OUTRO LADO

Em nota, a defesa de Delúbio reafirmou que ele nunca pediu qualquer empréstimo ao Banco Schain em nome do PT ou qualquer pessoa.

“Em nenhum momento se indicou no processo algum ato de Delúbio para ‘lavar dinheiro’, apenas se presumiu que ele ‘deveria saber’ que houve lavagem de dinheiro”, escreveu o advogado Pedro Medeiros.

A defesa também se disse confiante, ainda assim, na Justiça brasileira, “que há de reparar essas injustiças o quanto antes, não permitindo que se submeta a uma pena ilegal em regime fechado”.

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