Indicador que mede incerteza com a economia volta a subir em junho

O IIE-Br (Indicador de Incerteza da Economia) da FGV (Fundação Getúlio Vargas) subiu 2,4 pontos em junho, para 122,3 pontos, depois de duas quedas seguidas em abril e maio. Entre os motivos para o aumento da incerteza estão a pandemia, a crise hídrica, discussões da reforma tributária no Congresso e o risco político resultante de possíveis desdobramentos da CPI da Covid. Eis a análise da FGV (279 KB).

De acordo com a economista e pesquisadora da FGV Anna Gouveia, o nível considerado “adequado” é abaixo de 110 pontos. “O indicador de abril de 2020 chegou a um patamar muito elevado por causa da pandemia e depois houve uma queda. No final de 2020 e início de 2021 desacelerou e teve algumas flutuações. Em junho, voltou a subir. O nível atual é considerado alto e ainda está 7,2 pontos acima do período pré-pandemia”. 

Em março de 2021 o índice subiu 8,3 pontos por causa do aumento do número de casos de covid, e da imposição de bloqueios e fechamento de comércios em várias cidades no Brasil. Em abril e maio o índice teve queda de 7,1 e 9,5 pontos, respectivamente. No entanto, em junho, a incerteza voltou a subir.

Segundo Anna Gouveia, a campanha de vacinação ainda está lenta, com resultados aquém do esperado. Além disso, a crise hídrica também contribuiu para o aumento da incerteza em junho.

“A possibilidade de um apagão contribui para o aumento da incerteza. Além disso, o consumidor vai ter que pagar uma conta de luz mais cara e precisará economizar energia. Tudo isso impacta a produtividade”, afirma.

Além disso, as discussões sobre a reforma tributária no Congresso também são um fator de incerteza. “Saber o quanto será tributável de empresas, isso impacta o consumo e o investimento”. 

Outro ponto que contribui para o cenário de incerteza, segundo Anna Gouveia, é o risco político relativo a possíveis desdobramentos da CPI da Covid e recentes suspeitas de irregularidades na negociação de vacinas.

De acordo com a economista, a incerteza econômica “atrapalha muito o ambiente de negócio porque não se consegue mensurar o retorno dos investimentos”.

O Indicador de Incerteza da Economia é composto por 2 componentes:

  • IIE-Br Mídia – baseado na frequência de notícias com menção à incerteza nas mídias impressa e on-line, e
    construído a partir das padronizações individuais de cada jornal. É o componente de maior peso;
  •  IIE-Br Expectativa – construído a partir da média dos coeficientes de variação das previsões dos analistas
    econômicos, reportados na pesquisa Focus do Banco Central, para a taxa de câmbio e a taxa Selic 12 meses à frente e
    para o IPCA acumulado para os próximos 12 meses. Tem menor peso.

Os 2 caminharam em sentido oposto em junho. O componente de Mídia subiu 4,7 pontos, para 121,7 pontos, contribuindo positivamente em 4,1 pontos para a alta do IIE-Br no mês.

O componente de Expectativa, que mede a dispersão das previsões para os 12 meses seguintes, recuou em 7,7 pontos, para 115,7 pontos, contribuindo de forma negativa, em 1,7 ponto, para a evolução na margem do indicador agregado.

Poder 360

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