Igreja Católica devem assumir posição sobre a reforma da Previdência estadual

O presidente do Instituto da Previdência do RN (IPERN), Nereu Linhares, se reuniu com o bispo diocesano de Mossoró, dom Mariano Manzana, para apresentar a proposta de reforma da Previdência estadual e pedir a compreensão e o apoio da Igreja Católica. Foi nesta sexta-feira (14), na sede da Diocese de Santa Luzia, com a presença, entre outras autoridades, do padre Flávio Augusto de Melo, vigário-geral da Diocese.

A missão de Nereu, delegada pela governadora Fátima Bezerra (PT), foi de apenas explicar a proposta e não de pedir ou acatar sugestão dos representantes da Igreja, uma vez que a PEC da reforma da Previdência foi encaminhada e já está tramitando na Assembleia Legislativa. Ou seja, só pode ser alterada, para inserir sugestões, em forma de emendas, pelos deputados estaduais.

Na verdade, o governo pede a bênção da Santa Igreja de forma atrasada. Se tivesse com bons sentimentos, teria procurado o clero antes de formar e fechar o documento que convoca o servidor público estadual para o sacrifício em nome da recuperação do falido sistema previdenciário estadual.

O documento que chegou às mãos de dom Mariano ontem, tornou-se público 24 horas antes, quando toda a imprensa publicou a íntegra da PEC da reforma da Previdência. Portanto, os líderes da Igreja Católica potiguar já conheciam o conteúdo antes da boa vontade de Nereu Linhares.

Agora, espera-se a posição da Igreja sobre o importante tema. Há quem diga que a Igreja optará por um tom ameno, ou “soft”, se comparado com a posição contrária à reforma da Previdência da União. A Igreja, na verdade, foi dura no combate à reforma da Previdência federal

Veja um trecho do documento que a Igreja entregou à bancada federal potiguar, em 2017, para recomendar o voto contrário à reforma:

“Ultimamente, sob o falso fundamento de déficit, crise econômica e outros episódios cíclicos, o Governo tem investido fortemente na alteração de direitos sociais, previdenciários e trabalhistas que foram incorporados à sociedade por dura luta popular. Sabemos conscientemente que a Reforma da Previdência atingirá de forma desigual e mais ostensiva os mais humildes, os descamisados, especialmente os trabalhadores rurais e as mulheres, numa inequívoca violação aos direitos humanos.”

E mais:

“Convocamos, pois, os cristãos e cristãs, bem como todas as pessoas de boa vontade, particularmente de nossas comunidades, a se mobilizar contrárias à proposta de Reforma da Previdência, ora em tramitação, para defender os direitos básicos conquistados a duras penas pelo povo brasileiro, visando preservar, principalmente, aqueles direitos assegurados para os mais pobres e socialmente vulneráveis.”

Por fim, a Igreja alertou aos parlamentares:

“Permanecemos atentos e de olhos abertos no acompanhamento do voto dos nossos representantes, Senadores e Deputados Federais do Rio Grande do Norte!”

Esse documento foi entregue em mãos à bancada federal do Rio Grande do Norte, em abril de 2017, pelo arcebispo de Natal, dom Jaime Vieira Rocha; o bispo de Caicó, dom Antônio Carlos Cruz, e o bispo de Mossoró, dom Mariano Manzana. Entre os parlamentares, naquela ocasião, estava Fátima Bezerra, então senadora da República. A sua voz foi firme, muito mais do que os demais presentes, afirmando que a reforma era perversa.

Agora, do outro lado do balcão, Fátima, governadora de um Estado quebrado, previdência falida, entoa o discurso da necessidade da reforma, o mesmo discurso do governo federal que ela combatia de punhos fechados.

Espera-se, então, o documento da Igreja Católica sobre a reforma da Previdência estadual.

*BLOG DO CÉSAR SANTOS

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