Guaidó volta à Venezuela para liderar manifestações contra Maduro

O líder oposicionista Juan Guaidó cumprimenta apoiadores durante protesto contra Maduro em Caracas

O líder oposicionista Juan Guaidó desembarcou no aeroporto internacional Simón Bolívar, que serve Caracas, às 12h22 (13h22 em Brasília) desta segunda-feira (4), após dez dias fora do país.

Guaidó avisou em suas redes sociais que havia chegado, depois de passar pela alfândega, e acrescentou: “Entramos na Venezuela como cidadãos livres, que ninguém nos diga o contrário”.

A chegada do oposicionista em solo venezuelano foi pacífica. De acordo com a TV Venezuela, sediada em Miami, que transmitiu o desembarque ao vivo, ele não enfrentou impedimentos.

“Seguimos na rua, seguimos mobilizados. Estamos aqui e estamos mais fortes. Vamos conseguir cessar a usurpação em breve na Venezuela”, disse Guaidó ao público eufórico que o esperava no aeroporto.

​Estavam presentes na área de desembarque representantes diplomáticos de Alemanha, Holanda, Espanha, França e Chile. “Viemos para ajudar, para que o regresso [de Juan Guaidó] seja seguro”, disse o embaixador da Alemanha na Venezuela, Daniel Maitel Kriener.

Em seguida, Guaidó se dirigiu à praça Alfredo Sadel, no bairro de Las Mercedes, e discursou para uma multidão de apoiadores. Ele havia convocado um protesto pelas redes sociais no domingo (3).

O opositor disse que o povo não pode abandonar as ruas “em busca de sua liberdade”, convocando novas manifestações para sábado (9). Disse ainda que fará um “importante anúncio” para os funcionários públicos do país nesta terça (5), quando também convocará uma reunião com os sindicatos.

Junto à multidão, cantou o hino nacional e afirmou que as visitas que fez a países da América do Sul só foram possíveis graças ao povo. A certa altura, subiu num andaime de sustentação do palco para saudar os venezuelanos.

Depois do comício, dirigiu-se para a sua residência. “Obrigado a todos pelo carinho e pelo calor imenso com que nos receberam”, publicou em uma rede social.

Reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, incluindo Brasil eEUA, Guaidó deixou o país no último dia 22 para participar de um festival organizado pela oposição na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela, para apoiar a tentativa de entrada de ajuda humanitária.

O político venezuelano, que passou a semana visitando países sul-americanos para angariar apoio, anunciou no domingo (3) que retornaria à Venezuela, sem dizer de que maneira. Com as contas bloqueadas e proibido de sair do país pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), alinhado a Maduro, ele enfrentava a possibilidade de ser preso ao voltar.

Antes de voltar à Venezuela, Guaidó estava na cidade de Salinas, acompanhado de sua mulher, Fabiana Rosales, para se encontrar com o presidente equatoriano, Lenín Moreno. No périplo sul-americano, ainda passou por Paraguai, Argentina, Brasil e Colômbia.

Em Cúcuta, na Colômbia, ele tentou liderar a frustrada tentativa de entrada de ajuda humanitária coordenada pelos EUA e em colaboração com os governos de Colômbia e Brasil.

O ditador Nicolás Maduro já declarou que Guaidó “pode sair e voltar, mas terá de dar explicações à Justiça, porque foi proibido de deixar o país”.

O TSJ impôs a proibição após Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, declarar-se presidente interino da Venezuela, em 23/1, argumentando que a “presidência foi usurpada por Maduro”, reeleito em eleições consideradas fraudulentas, boicotada por grande parte da oposição e sem a presença de observadores internacionais.

A possibilidade de prisão de Guaidó foi criticada pelos EUA e pelo Brasil. Na sexta, a secretária-adjunta para assuntos do Hemisfério Ocidental do governo americano, Kimberly Breier, afirmou que prender Guaidó seria “o último erro que o regime cometeria”.

No dia seguinte, o ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu comunicado pedindo que “os direitos e segurança do presidente Guaidó (…) sejam plenamente respeitados por aqueles que ainda controlam o aparato de repressão do regime”.

Maduro diz que Guaidó está tentando fomentar um golpe apoiado pelos EUA e que a tentativa de entrada de ajuda humanitária seria um cavalo de Troia para uma intervenção militar americana.

AFP

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