Grupo JBS enfrenta 34 mil processos na Justiça do Trabalho

LAPA, PR, BRASIL, 21-03-2017, 12h00: O ministro da Agricultura Blairo Maggi realiza visita técnica e vistoria na planta do frigorífico SIF 530, da Seara, do grupo JBS. Esta é uma das plantas investigadas na operação Carne Fraca da Polícia Federal, e está com a licença de exportação suspensa. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)

Um dos frigoríficos da JBS foi condenado pela Justiça do Trabalho a pagar R$ 12 milhões como resultado de ação que apontava tempo de trabalho excessivo na unidade de Itaiópolis (SC)

SABRINA LORENZI – DA “AGÊNCIA NOSSA”

O grupo JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, responde a 34 mil ações trabalhistas. O dado está nas demonstrações financeiras de 2016 da empresa e pode representar perda de R$ 2,6 bilhões. Em 2015, havia 31,1 mil processos em andamento.

Os números acompanham o aumento de 11% nos acidentes com funcionários, embora a ocorrência de lesões mais graves tenha diminuído no Brasil. A empresa atribui a alta ao maior número de funcionários, embora o total de colaboradores tenha crescido menos de 1% no último ano.

Entre os 2.680 registros de acidentes, 791 levaram a afastamentos e houve seis mortes. Os dados incluem doenças, ocorrências operacionais e no trajeto até o trabalho.

A diversificação das atividades dos 127,7 mil colaboradores da JBS -além do abate, há produção de couro, cosméticos, margarina, entre outros- dificulta a comparação entre taxas da empresa e da indústria nacional. A incidência de acidentes na companhia está em linha com as médias no segmento de carnes.

A concorrente BRF informou que, em 2016, reduziu o número de acidentes no Brasil No exterior, porém, as taxas subiram, segundo o relatório de sustentabilidade.

Em maio, um dos frigoríficos da JBS foi condenado pela Justiça do Trabalho a pagar R$ 12 milhões como resultado de ação que apontava tempo de trabalho excessivo na unidade de Itaiópolis (SC).

O Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina informou que a empresa não recorreu da decisão judicial até a última sexta-feira (2), mas ressaltou que ainda há prazo para questionar a decisão em segunda instância.

“O trabalho em frigorífico já é adverso devido ao ambiente frio e à maior ocorrência de movimentos repetitivos em cortes de carne”, afirma o procurador Bruno Choairy, de Mato Grosso. Ele destaca que, em ambientes insalubres, não podem ser realizadas horas extras.

A JBS foi condenada a adotar medidas de saúde e segurança do trabalho na unidade de Alta Floresta, em Mato Grosso, onde ocorreu vazamento de amônia.

A companhia recorreu em abril, mas o pedido foi negado pelo Tribunal Regional do Trabalho. Na ação, o MPT relatou que o vazamento levou 17 funcionários ao hospital.

Quando computadas operações no exterior, as taxas de acidentes do grupo JBS e da BRF aumentam.

O total de acidentes com afastamento na JBS EUA subiu de 158 para 286 entre 2015 e 2016. Na americana Pilgrim’s, que faz parte do grupo, passou de 90 para 146.

O último relatório de sustentabilidade da BRF mostra que as lesões com afastamento cresceram de 289 para 306 entre 2015 e 2016, considerando empregados diretos no Brasil, na Argentina, em Abu Dhabi e na Malásia. No mesmo documento, a empresa diz ter 111,9 mil empregados.

EMPRESA AFIRMA TER PROGRAMA DE SEGURANÇA E SAÚDE

A JBS afirma que conta com um programa de segurança e saúde de autogestão a fim de padronizar os processos internos, programas e legislações em relação à segurança e saúde ocupacional.

“Tais procedimentos estão alinhados às normas regulamentares com o objetivo de reduzir os acidentes”, afirma a empresa.

Sobre ações trabalhistas, a dona das marcas Friboi e Seara informa não comentar processos em andamento.

Entre as medidas preventivas que a empresa está cumprindo, segundo o MPT de Mato Grosso, está a adoção da “pausa térmica”, que estipula descanso de 20 minutos para cada 1h40 de trabalho em temperaturas baixas.

A JBS não informou os motivos da elevação nas taxas de acidentes de trabalho no exterior. Segundo um analista, o aumento nas atividades do grupo pode ter contribuído para um maior número de ocorrências registradas.

Procurada pela reportagem, a BRF, dona da marca Sadia, informou por meio de nota que “assegura saúde e segurança do trabalho como um valor e possui suas diretrizes estabelecidas e divulgadas por meio do Sistema de Gestão de Programa de Segurança, Saúde e Meio Ambiente (SSMA), que passou por revisão em 2016”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.