Governo Temer quer conversar com Lula e Bolsonaro para defender reforma da Previdência

O governo pretende conversar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado federail Jair Bolsonaro (PSC-RJ), os pré-candidatos à Presidência que atualmente lideram as pesquisas, e defender a eles que a aprovação da reforma da Previdência favorecerá o próximo presidente. A sugestão foi dada pelo ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, em jantar no último domingo do presidente Michel Temer com ministros e parlamentares, na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Segundo relatos de presentes ao encontro, Terra defendeu que o interlocutor do Palácio do Planalto com Lula e Bolsonaro fosse o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. A ideia é falar aos líderes nas pesquisas para o pleito presidencial do ano que vem que a reforma previdenciária é “boa”, independentemente do partido do próximo mandatário.

Padilha é tido como bem relacionado com o deputado Bolsonaro. Já com Lula, pondera um aliado, o diálogo teria de ser detalhadamente avaliado, na medida em que Padilha fez oposição “direta” ao petista em seu primeiro mandato na Presidência, a partir de 2002. As informações são de O Globo.

O ministro do Desenvolvimento Social também sustentou, de acordo com pessoas do jantar na casa de Maia, que a polarização política predomina no momento atual, mas ponderou que o governo também deve considerar que todos os pré-candidatos enfrentam esse dilema. Portanto, a ideia seria que um possível desgaste nessa conversa — especialmente com o petista — não afetaria só a gestão peemedebista, e poderia sinalizar que o governo está comprometido com a aprovação da matéria, que foi enviada aos parlamentares há um ano.

A avaliação é que, caso a reforma não seja aprovada pelo Congresso na gestão Temer, o próximo governo terá de fazer mudanças muito mais duras e urgentes nas aposentadorias e pensões. Ainda, auxiliares do presidente Michel Temer ressaltam que o fracasso do carro-chefe de Temer nas medidas econômicas comprometerá a retomada do crescimento econômico. O secretário da Previdência, Marcelo Caetano, chamou a reforma previdenciária de “pró-pobre”, segundo participantes do jantar. Já o deputado Beto Mansur, vice-líder do governo na Câmara, teria criticado que os votos da matéria ainda estão “muito escondidos”, e defendeu que Padilha fosse mais incisivo na condução das negociações.

A despeito de o governo esperar que cinco partidos fechem questão a favor das mudanças nas aposentadorias, que já sofreram fortes desidratações, a questão é tida como delicada por aliados. Se de um lado o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, cravou que a sigla fechará questão, José Rocha, líder do PR na Câmara, disse que a legenda não tem o mesmo “centralismo” do PTB, e que há dificuldades em obrigar o partido a votar a favor da reforma.

Em caravana pré-eleitoral em Cariacica (ES) nesta terça-feira, Lula tem feito duros ataques à reforma previdenciária de Temer. Em 22 de outubro, defendeu ao jornal espanhol “El Mundo” uma revogação de medidas do governo atual, sem dizer quais.

— A primeira coisa que eu pretendo propor é um referendo revogatório sobre muitas das medidas aprovadas por Michel Temer.

Em outra entrevista, cinco dias depois, o ex-presidente classificou a proposta como “crime”:

— A reforma da Previdência é um crime contra o povo mais pobre do país — disse Lula à rádio “Itatiaia”.

Ele também afirmou, na entrevista, que a emenda constitucional é um “desmonte, quase que uma implosão de tudo aquilo que foi considerado conquista social para o povo brasileiro”.

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