Gestores pedem solução conjunta para abastecimento de água no Trairi e Potengi

A Assembleia Legislativa discutiu, na tarde desta terça-feira (3), alternativas para o abastecimento de água na região do Trairi do Rio Grande do Norte. O foco da audiência pública, proposta pelo deputado Tomba Farias (PSDB), foi a adutora Monsenhor Expedito. O parlamentar e os participantes do encontro cobraram a realização de uma discussão conjunta entre gestores para se chegar a um melhor aproveitamento da água da adutora.

A adutora Monsenhor Expedito foi construída em 1998 e, inicialmente, o foco era abastecer 10 cidades. Contudo, atualmente, ela é responsável pelo abastecimento de água em 30 cidades, o correspondente a 278.653 habitantes, segundo estimativa do IBGE de 2017. A adutora impulsiona água a partir da Lagoa do Bonfim e de 19 poços tubulares, através de 28 Estações Elevatórias posicionadas ao longo de uma malha de adutoras de 430km de extensão total. Atualmente, a capacidade é considerada baixa e os participantes da audiência cobram ações para melhorar o abastecimento.

De acordo com o deputado Tomba Farias, são comuns episódios de falta de água na região, inclusive em Santa Cruz, que é a principal cidade da região. De acordo com ele, o crescimento da população do município, assim como da circulação de turistas no local, aumentaram a demanda de água, o que atrapalha ainda mais a situação na cidade.

“Santa Cruz é uma das cidades que mais cresce no Rio Grande do Norte e tem população flutuante devido às universidades, turismo e até pessoas de cidades vizinhas que circulam por lá. Para se ter uma ideia, são 820 leitos em hotéis e, com o aumento no calor, o consumo é ainda maior. Não é problema de gestão, e sim que houve um aumento significativo no consumo de água e, com a seca, precisa distribuir para outras regiões, favorecendo o desabastecimento. Precisamos de uma alternativa”, disse Tomba Farias.

Também participando do debate, o deputado Ubaldo Fernandes (PL) falou sobre a necessidade de se chegar a uma solução para o problema de abastecimento, seja através de melhoria na gestão dos recursos hídricos, ou através de ampliação e melhorias na adutora.

“A adutora tinha uma capacidade de abastecer um número muito menor de pessoas. As cidades cresceram e outras cidades passaram a integrar e, por isso, a capacidade foi obstruída. É necessário que se tenha uma solução. A Caern tem quadros para conseguir chegar a uma solução, seja para ampliar ou construir uma nova adutora. Vamos buscar uma alternativa”, disse Ubaldo Fernandes.

No debate, diversos prefeitos falaram sobre a situação de suas cidades. Chefe do Executivo de Japi, Jodoval Pontes relatou que a cidade, que possui 7 mil habitantes, enfrenta constantemente a falta de água. Segundo ele, apesar da situação ter melhorado, é importante que uma medida para sanar o problema do desabastecimento seja tomada.

“Tivemos com a Caern na gestão passada, melhorou muito, mas ainda deixa a desejar. Precisamos que sejam feitos os novos ajustes e atendamos à população”, disse o prefeito.

Participando da discussão, o engenheiro Celso Veiga, que atuou durante a construção da adutora, disse que estado tem os mecanismos começar a atacar o problema sem gastos. “Estamos diante de um problema de gestão”, acredita o engenheiro. Após argumentar que as cidades cresceram e a demanda cresceu depois de 21 anos da construção, Veiga sugere que os gestores da cidades, a Companhia de Águas do Rio Grande do Norte (Caern) e a o Igarn conduzam o processo para solucionar o caso.

“É preciso estabelecer as cotas de cada cidade. Serão cotas com sacrifício. Estamos carentes de água, o conflito de água existe no mundo todo. Não é só problema de engenharia. É financeiro, econômico e, antes de tudo, de entendimento. Todas as ligações que foram feitas foram estudadas. A adutora suporta, mas em uma operação ideal. Será que não está sendo realizada da forma correta? É preciso sentar e discutir”, sugeriu o engenheiro.

Gestores da Caern participaram do debate e responderam aos questionamentos dos prefeitos, colocando-se à disposição para os esclarecimentos e para tratar de alternativas ao problema, que eles ressaltaram não ser responsabilidade exclusiva da Caern.

“Todas as pessoas envolvidas no processo estão aqui e estarão presentes sempre que vocês precisarem. Sei que existe uma pressão grande, mas estamos sempre dispostos a conversar com vocês sobre a situação. A Caern é parceira de todos. Usem a água de forma sustentável, é um conselho que damos sempre”, disse o diretor de Operações da Caern, Tiago Índio.

Ao fim da reunião, o deputado Tomba Farias garantiu que vai pedir auxílio da bancada de parlamentares do Rio Grande do Norte. “Eu me comprometo a buscar todos para que, juntos, possamos solucionar o caso do abastecimento na região”, disse o deputado.

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