Funaro diz à PF que entregava malas de dinheiro diretamente a Geddel

Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs, no Senado Federal, ouve Lúcio Bolonha Funaro (foto), corretor de câmbio que intermediou operações para dirigentes da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). Local: Sala 2 da Ala Nilo Coelho. Politica.

O doleiro Lúcio Funaro afirmou à Polícia Federal que fez várias viagens a Salvador para entregar malas de dinheiro diretamente ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).

Segundo o relatório policial que contém a oitiva feita na sexta (7), “o declarante [Funaro] fez várias viagens em seu avião ou em voos fretados, para entregar malas de dinheiro para Geddel Vieira Lima, que essas entregas eram feitas na sala VIP do hangar Aerostar localizado no aeroporto de Salvador (BA), diretamente nas mãos de Geddel”.

Funaro disse também que fez duas viagens para praias do Nordeste em que realizou “paradas rápidas em Salvador (BA), para entregar malas ou sacolas de dinheiro para Geddel”.

Em uma delas, ele conta que apresentou a mulher, Raquel, ao político quando ela desceu no hangar para ir ao banheiro. Disse ainda “que reclamou com Raquel por ter saído da aeronave”.

No mesmo depoimento, o doleiro relatou que Geddel costumava falar para sua mulher que estava ajudando “pleitos [de Funaro] juntos ao Judiciário”. Disse ainda que tinha certeza que o político fazia “acompanhamento das questões processuais que envolviam a prisão do declarante”. As informações são da Folha de São Paulo.

“Considerava possível que Geddel e outros ligados a ele pudessem exercer influências políticas sobre algum órgão, ou até mesmo o Poder Judiciário, afim de prejudicar o declarante, caso resolvesse firmar acordo de colaboração”, afirmou Funado à PF.

Funaro reiterou que os contatos insistentes de Geddel com sua mulherprovocaram nele “um sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação caso viesse a fazer um acordo de delação premiada, tendo em vista que Geddel era membro de primeiro escalão do governo e amigo intimo do presidente Michel Temer”.

O relatório policial integra o novo pedido de prisão do peemedebista feito pelo MPF ( Ministério Público Federal) no Distrito Federal. Na quarta (12), o desembargador Ney Bello autorizou que Geddel saísse do presídio da Papuda, em Brasília, para a prisão domiciliar.

No pedido, os procuradores argumentam que as revelações de Funaro e Raquel mostram que o ex-ministro buscava monitorar o doleiro sobre sua intenção de firmar um acordo de delação e alegava que tinha influência junto ao judiciário sobre decisões ligadas à sua prisão.

“De mais a mais, com as declarações de Raquel e Funaro, reforça-se a tese (já mencionada no pedido de prisão), de que Lúcio Funaro tem, de fato, revelações que impliquem em ilícitos penais relevantíssimos praticados por Geddel Vieira Lima (e a organização criminosa vinculada ao grupo do ‘PMDB na Câmara dos Deputados’), como o pagamento de vantagens indevidas (propina) rotineiras e habituais”, diz o pedido.

Os procuradores relatam que foram realizadas 17 ligações entre Raquel e Geddel entre os dias 13 de maio e 1º. de junho de 2017, o que representa quase uma ligação por dia.

OUTRO LADO
A defesa de Geddel afirma que os fatos citados pelo MPF deveriam ter sido informados antes da decisão do desembargador.

Para o advogado Gamil Foppel, que defende Geddel, “não convém deslembrar que, se as palavras destas pessoas eram importantes para qualquer cautelar, elas deveriam ter sido pedidas antes. Somente ao depois, quando desnudada a desnecessidade e a ilegalidade da prisão, apareceu a preocupação em querer ouvir estas pessoas”.

O defensor afirma ainda que o desembargador Ney Bello já tinha conhecimento das afirmações prestadas nos depoimentos: “Tanto o desembargador relator que concedeu liminarmente a ordem de habeas corpus em favor de Geddel Vieira Lima tinha conhecimento, quando proferiu sua decisão, dos aludidos depoimentos (assim como das pretensas ligações que se reputam efetuadas), que sobre eles fez expressa menção”.

De fato, Bello citou trechos dos depoimentos de Raquel e de Lucio Funaro em sua decisão de soltar Geddel.

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