França autoriza entrada de brasileiros já completamente vacinados com imunizantes aprovados na Europa

Torre Eiffel foi reaberta para visitação na sexta-feira, após nove meses fechada devido à Covid-19 Foto: BERTRAND GUAY / AFP

O governo da França anunciou neste sábado que passou a aceitar a entrada de pessoas que já foram completamente imunizadas com as vacinas contra a Covid-19, independentemente do seu país de origem. Logo, brasileiros que receberam as doses necessárias de um dos imunizantes autorizados pela Agência Europeia de Medicamentos já podem viajar para o território francês.

A medida valerá para as vacinas da Pfizer-BioNTech, da Moderna, da AstraZeneca-Universidade de Oxford e da Janssen. O viajante precisará esperar sete dias após após a segunda vacina ou, no caso da dose única da Janssen, 28 dias. A França, até o momento, não aceita aqueles inoculados com a SinoVac, conhecida no Brasil como CoronaVac.

Ao desembarcar no país, os turistas precisarão apenas mostrar seu comprovante de vacinação e um documento assinado declarando a ausência de sintomas da Covid-19 e que seu portador não teve contato com uma pessoa infectada, segundo as diretrizes divulgadas no site do Ministério do Interior francês.

“Como as vacinas são eficazes contra o vírus, e em particular contra a variante Delta, as restrições que pesam sobre os viajantes com um esquema de vacinação completo com doses reconhecidas pela Agência Europeia de Medicamentos serão retiradas neste sábado, dia 17, independentemente do país de origem” disse o premier Jean Castex, em comunicado.

Isso não significa que será possível viajar normalmente para o resto da União Europeia. A maior parte dos países da região mantém restrições para a entrada de pessoas oriundas de regiões que enfrentam situações críticas da pandemia de Covid-19, como o Brasil, estejam elas vacinadas ou não. Como as regras mudam rapidamente, a recomendação é que se procure mais informações com as embaixadas e órgãos oficiais antes de viajar.

Brasil é ‘país vermelho’

A França continua a classificar o Brasil como um “país vermelho”, o que significa que brasileiros não vacinados só podem entrar no país quando há motivos “irrefutáveis”, como razões humanitárias e vistos de residência. Nestes casos, todos com mais de 12 anos precisarão mostrar um teste PCR negativo realizado até 48 horas antes do embarque e outro na chegada, além de uma quarentena de 10 dias.

A mais recente concessão francesa foi anunciada em conjunto com o acirramento das restrições para viajantes não vacinados de uma série de países que lidam com um aumento dos casos impulsionado pela disseminação da cepa Delta, cerca de 60% mais contagiosa. A estimativa dos especialistas é que a mutação seja responsável por aumentar em cinco vezes, até agosto, as novas infecções no continente.

A partir de domingo, turistas não vacinados de países como Portugal, Espanha, Reino Unido, Holanda e Grécia, precisarão apresentar um teste PCR negativo feito até 24 horas antes da entrada em solo francês. Antes, os prazos variavam entre 48h e 72h. Trata-se de um balde d’água fria para o setor turístico do país, que mirava no verão do Hemisfério Norte para recuperar parte das perdas acumuladas nos mais de 16 meses de pandemia.

Após impor uma quarentena nacional em março, sua terceira desde o início da crise sanitária, a França viu os casos despencarem a partir de abril. Em junho, as novas infecções entraram em um platô, na casa de 2 mil diagnósticos por dia, mas voltaram a subier aumentando 128% nas últimas duas semanas. Hoje, tem em média 5,8 mil casos diários.

Protestos contra ‘passaporte da vacina’

Em um anúncio na segunda, o presidente Emmanuel Macron já havia anunciado que passará a exigir, a partir de 21 de julho, um certificado de saúde para frequentadores de lugares de lazer e transporte com capacidade para mais de 50 pessoas. A partir do começo de agosto, ele passa a ser obrigatório também em restaurantes, bares, trens, aviões e shoppings.

Desde então, mais de 1,7 milhão de franceses correram para se imunizar — quantia significativa em um país onde a desconfiança nas vacinas é uma das maiores na Europa. Até o momento, 55% da população francesa já recebeu ao menos uma dose, e 40% receberam as duas.

Segundo uma pesquisa divulgada pelo Ipsos-Steria na sexta, mais de 60% dos franceses concordam com o “passaporte da vacina” anunciado por Macron. Seus opositores, contudo, são bastante vocais.

Segundo estimativas do Ministério do Interior, 114 mil pessoas foram às ruas francesas neste sábado para protestar contra o plano, que também inclui a obrigatoriedade da inoculação para profissionais da saúde. De acordo com o governo, foram 137 marchas por todo o país, a maior delas em Paris, com cerca de 18 mil participantes.

— Cada um é soberano do seu próprio corpo. De maneira nenhuma um presidente da República tem o direito de decidir sobre a minha saúde pessoal — disse à Reuters uma mulher que se identificou como Chrystelle, no ato da capital.

Manifestações similares já haviam ocorrido durante a semana, forçando a polícia a usar gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Ao visitar um posto de vacinação na cidade de Anglet, no Sudoeste da França, Castex reforçou que a vacina é a única forma de combater o vírus:

— Eu entendo a relutância que surge, mas acho que precisamos convencer a qualquer custo nossos cidadãos a se vacinarem. É a melhor maneira de lidar com a crise sanitária — disse ele.

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