Filho de lavadeira passa em 1º lugar no curso de Medicina da UFRN em Caicó: ‘É por você, mainha’

Luiz Gustavo Oliveira, de 19 anos, passou em primeiro lugar no curso de Medicina na UFRN, em Caicó — Foto: Gláucia Lima

O primeiro sinal de um aprovado no Sisu é a cabeça raspada e a testa riscada com o nome do curso. O de Luiz Gustavo de Oliveira, de 19 anos, é Medicina. E, no caso dele, representa muita superação. Além de toda a adaptação necessária em um ano de pandemia, ele contou com uma ajuda especial: a dedicação da mãe, dona Francileide Marques, que trabalha como lavadeira e também como boleira.

São cerca de 14 horas de trabalho por dia para conseguir ajudar nos estudos do filho. “Eu acordava muito cedo para lavar roupa. Lavava, passava. Quando dava umas 5h30, já soltava as roupas para ir para os bolos. Minha casa é pequena. Eu carregava a batedeira para dentro do meu quarto, cobria com um pano de prato e fechava as portas para ele não ouvir”, conta a mãe.

Por causa da dificuldade financeira dos pais, Luiz Gustavo contou com a ajuda de uma tia, que financiava os estudos dele. Em 2019, concluiu o Ensino Médio, concorreu também ao curso de Medicina, mas não passou.

No ano passado, conseguiu uma bolsa de estudos em um cursinho da cidade. Foram várias noites de sono perdidas, mas a recompensa veio. O jovem fez o Enem e atingiu 940 pontos. Com apenas 19 anos, foi aprovado em primeiro lugar no curso de Medicina da UFRN em Caicó.

Luiz Gustavo Oliveira, de 19 anos, passou em primeiro lugar no curso de Medicina na UFRN, em Caicó — Foto: Gláucia Lima

“Eu encontrava as vezes com Luiz indo de bicicleta para a escola. Eu passava de carro para ir trabalhar e achava ele no caminho”, relata o professor Rhodriggo Mendes

“Sábados, domingos, que ficava ali fazendo simulados, algo extremamente cansativo. E agora, estou colhendo os frutos. Isso é o que vem na minha mente”, diz o rapaz.

A história de Luiz Gustavo é praticamente a mesma de milhares de potiguares que tentam, através dos estudos, dar uma vida melhor aos pais.

“Minha mãe e meu pai acordam às 4h da manhã para começar a trabalhar em um trabalho que às vezes vai acabar umas 22h, 22h30. Isso é muito cansativo para ela. O mais rápido que eu conseguir tirar minha mãe dali, eu vou tirar. Essa era minha motivação. Era ver meus pais, saber que o que eles estavam fazendo era muito mais difícil do que eu estava fazendo, que era estudar”, afirma o jovem.

“É por você mainha, por você pai, vocês que trabalham muito por mim e estão orgulhosos de mim. Isso tudo é por vocês”, declarou Luiz.

“É muita felicidade, muita gratidão. Eu sabia que esse dia ia chegar”, disse Francileide. “Estou me sentindo feliz”, resumiu o pai do novo universitário, José Procópio.

G1RN

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