Filho de ex-ministro Henrique Eduardo Alves é detido com ecstasy e haxixe

Hugo Barreto/Metrópoles

Filho do ex-ministro de Turismo Henrique Eduardo Alves, o produtor cultural Eduardo José de Azambuja Alves, 35 anos, foi detido nessa terça-feira (18/9) por porte de drogas.

Ele é um dos alvos da Operação Praia de Goa, deflagrada pela Polícia Civil com o objetivo de apurar lavagem de dinheiro, organização criminosa e estelionato contra a administração pública no âmbito do Na Praia. O evento se popularizou nos últimos anos por apresentar atrações muito conhecidas em estrutura de grande porte montada na beira do Lago Paranoá.

Eduardo Azambuja é um dos sócios da R2, empresa no centro das investigações da Coordenação de Combate ao Crime Organizado, aos Crimes contra a Administração Pública e contra a Ordem Tributária (Cecor), responsável pelo inquérito. O endereço do filho do ex-ministro era objeto de diligência da Polícia Civil, que conseguiu autorização judicial para o cumprimento de busca e apreensão em 15 localidades.

Ao revistarem o escritório da casa de Eduardo Azambuja, na QI 23 do Lago Sul, os investigadores encontraram três sacos plásticos – em um deles havia ecstasy em pó; no outro, haxixe; e no terceiro, MDMA, uma variação do ecstasy. Em função do achado, o produtor cultural foi levado até a delegacia e teve de prestar depoimento. Aos policiais, disse que a droga era dele, para consumo pessoal, e que teria conseguido as substâncias durante uma festa na casa de “um amigo de um amigo” no Condomínio Ville de Montagne, no Lago Sul.

Eduardo fez questão de pontuar, em seu relato, que não teria comprado a droga, mas que os entorpecentes foram fornecidos gratuitamente no decorrer da festa. O depoente assinou um termo circunstanciado se comprometendo a se apresentar à Justiça.

O relatório da Polícia Civil que convenceu a Justiça a autorizar as buscas e apreensões tem conteúdo bombástico. Os investigadores creem que descobriram um dos maiores esquemas de lavagem de dinheiro envolvendo a dinâmica da realização de eventos culturais do DF.

Praia de Goa

De acordo com a PCDF, o inquérito teve início em 2017, durante a gestão do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), com a suspeita de desvio de recursos que deveriam ser usados em projetos sociais por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

Foram feitas buscas e apreensões nas administrações regionais de Brasília, do Lago Norte e nas secretarias de Cultura e do Esporte. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal de Brasília. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) acompanha a operação. Além de Eduardo Azambuja, a R2 Produções, criada em 2005, tem mais três sócios: Rafael Damas, Ricardo Emediato e Bruno Sartório.

Recorrência
Esta não é a primeira vez que Eduardo Azambuja é levado à DP. Em 2014, ele acabou autuado por porte ilegal de arma de fogo. Seu pai, o ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves, conquistou liberdade em 12 de julho. O político foi preso no âmbito da Operação Sépsis, um desdobramento da Lava Jato, e permaneceu em regime domiciliar até recentemente por envolvimento também na Operação Manus, que apurou indícios de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, em Natal (RN), um dos estádios da Copa de 2014.

O outro lado
Ao Metrópoles, Eduardo afirmou que a questão envolvendo os entorpecentes se trata de algo pessoal e que não tem relação com a empresa. Ele também disse que não quer comentar detalhes sobre o assunto.

Com relação a operação policial, em nota, a R2 manifestou “absoluta surpresa” com a operação. Pontuou que “jamais” foi chamada a prestar qualquer tipo de esclarecimento e nenhum dos sócios foi instado a dar informações.

O texto destaca ainda que as prestações de contas dos empreendimentos atendem ao calendário legal e não há pendências. “A empresa reitera a integral lisura de suas atividades, sua postura colaborativa com a Justiça e demais instituições e permanece à disposição para ajudar na elucidação deste ou de qualquer outro procedimento”, conclui.

Também em nota, a Secretaria de Cultura informou que, desde o mês de abril, colabora com as investigações da Polícia Civil do Distrito Federal. A pasta esclareceu que “segue rigorosamente” todos os critérios na concessão de benefícios (mérito, adequação orçamentária, capacidade técnico-operacional e interesse público), contando com membros técnicos qualificados, pareceristas externos e um órgão colegiado formado pelo poder público e pela sociedade civil.

Ressaltou que os processos referentes a todos os projetos ainda estão em fase de análise de prestação de contas e, caso sejam constatadas quaisquer irregularidades, serão aplicadas as penalidades previstas na lei.

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