Ex-padre envolve sacerdotes da Igreja Católica no desvio de R$ 52 voos milhões da Saúde

Delação do ex-padre Wagner Portugal, que foi braço direito do cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, aproxima religiosos da Igreja Católica da Operação Lava Jato. Wagner, um dos colaboradores da Operação S.OS., desdobramento da Lava Jato no Rio, confessou ter participado do desvio de R$ 52 milhões dos cofres públicos por meio de contratos da secretaria estadual de Saúde com a organização social católica Pró-Saúde, em 2013. As informações são de reportagem da revista Época.

A força-tarefa do Ministério Público Federal no Rio apura se parte da propina bancou despesas pessoais de sacerdotes. Segundo a revista, Portugal acompanha Dom Orani desde 1997. Ele geriu seis hospitais paraenses quando o cardeal era arcebispo de Belém, entre 2004 e 2009. Dom Orani não está entre os investigados, nem há indício de que ele tenha participado do esquema.

Preso e condenado a quase 200 anos de corrupção, o ex-governador Sérgio Cabral fez menção aos desvios no Pró-Saúde em depoimento prestado ao juiz Marcelo Bretas nesta semana.

“Não tenho dúvida de que deve ter havido esquema de propina com a OS (organização social) da Igreja Católica, da Pró-Saúde. Não tenho dúvida. O Dom Orani devia ter interesse nisso, com todo respeito ao Dom Orani, mas ele tinha interesse nisso. Tinha o Dom Paulo, que era padre e tinha interesse nisso. E o Sérgio Côrtes nomeou a pessoa que era o gestor do Hospital São Francisco. Essa Pró-Saúde certamente tinha esquema de recursos que envolvia religiosos. Não tenho a menor dúvida”, afirmou Cabral no depoimento em que, pela primeira vez, admitiu participar de um megaesquema de corrupção.

Pró-Saúde

De acordo com a reportagem de Chico Otávio e Vera Araújo, a força-tarefa investiga se o dinheiro desviado foi usado para bancar gastos dos religiosos, como voos fretados, passagens aéreas, roupas e artigos religiosos. Conforme a revista, a Pró-Saúde é sediada em São Paulo, mas os contratos com o Rio chegaram a representar 50% do faturamento nacional da entidade, que dobrou de 2013 para 2015, passando de R$ 750 milhões para R$ 1,5 bilhão. Estão sob gestão da entidade 2 mil leitos, 16 mil profissionais, sendo 2.900 médicos, que atuam no SUS.

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