Esquema de Witzel foi dividido em eixos comandados por Pastor Everaldo, Mário Peixoto e reitor de universidade, apontam investigaçõe

A organização criminosa, montada no governo Witzel, foi dividida em três eixos pela força-tarefa federal: os braços liderados pelo presidente nacional do PSC,  Everaldo Dias Pereira, o pastor Everaldo; pelo empresário Mário Peixoto; e pelo empresário da área de ensino José Carlos de Melo, pró-reitor administrativo da Universidade Iguaçu (Unig).

Há mandados de prisão também contra os empresários e sócios Alessandro Duarte e Cassiano Luz, porém, eles já se encontram presos alvos da operação Favorito, realizada em maio.

As investigações, iniciadas pelas operações Favorito e  Placebo, ambas relacionadas ao empresário Mário Peixoto e seus laranjas, tiveram um impulso com a delação do ex-secretário de Saúde Edmar Santos, que deu “nomes aos bois”  e detalhou como o esquema funcionava aos investigadores.

Além do envolvimento da primeira-dama, a investigação destaca como principais operadores, ligando Witzel ao esquema de desvios, o advogado e ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico Lucas Tristão e o médico e ex-prefeito de Volta Redonda Gothardo Lopes Netto, apontado como o braço-direito do governador.

Wilson e Helena Witzel, o pastor Everaldo, Lucas Tristão, Gothardo e outros envolvidos foram denunciados no STJ por corrupção e lavagem de dinheiro. “Como se vê, é exatamente o mesmo grupo criminoso que está sob investigação. A diferença é que, limitado pelo foro constitucionalmente deferido aos governadores, o Ministério Público do Rio de Janeiro não quebrou os sigilos, não realizou busca e apreensão e não teve acesso a elementos de prova que claramente colocam Wilson José Witzel no vértice da pirâmide, atraindo, sem nenhuma dúvida, a competência do STJ.”

Peixoto foi o elo entre os esquemas Witzel e Cabral. Ao investigá-lo, revelando propinas que pagava ao ex-presidente da Assembleia Legislativa (Alerj) Paulo Melo, a força-tarefa encontrou provas de que o empresário não apenas manteve o esquema de corrupção do governo anterior como o ampliou ainda mais, montando uma rede de empresas de fachada e se tornando o empresário mais poderoso na era Witzel.

A delação do ex-secretário de Saúde Edmar Santos corroborou as provas reunidas nas operações Favorito e Placebo e deu nomes aos bois, permitindo aos investigadores visualizar todos os personagens da organização e o papel de cada um.

No caso específico do esquema de Peixoto, o operador é Alessandro de Araújo Duarte, personagem cujo papel os investigadores consideram parecido com o do economista Carlos Miranda, o operador que recolhia a propina de Cabral. Alessandro já se encontra preso. Na Operação Favorito, em junho, foi encontrado um contrato entre o escritório de advocacia da primeira-dama e a DPAD Serviços Diagnósticos Limitada, que possui Alessandro como sócio, mas seria de fato uma empresa-satélite de Mario Peixoto.

Na ocasião, os investigadores descobriram no email de Alessandro uma planilha que mostra sete pagamentos de R$ 15 mil da DPAD ao escritório da primeira-dama, todo dia 10 de cada mês por 36 meses. O acordo teve início em agosto de 2019.

Outra suposta menção a Witzel na Favorito ocorreu durante uma ligação entre o empresário Luiz Roberto Martins Soares, um dos principais alvos da operação, e o ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier, na qual os dois mencionaram a revogação de uma resolução conjunta das secretarias estaduais de Saúde e da Casa Civil que desqualificou o Instituto Unir Saúde para seguir à frente das UPAs do estado no ano passado.

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O diálogo foi interceptado em 24 de março. Luiz Roberto Martins liga para Bornier para dar a notícia a respeito do ato de revogação da desqualificação da OS UNIR: “Estou te ligando para te dar uma notícia boa”. Bornier reage com um “hum” e Luiz Roberto segue”O zero 1 do palácio assinou aquela revogação da desclassificação da Unir”.

Por conta desta referência, dias depois da Favorito, a Operação Placebo, autorizada pelo STJ para investigar desvios de recursos públicos em função do combate à pandemia de coronavírus, teve o governador e a primeira dama como alvos da busca e apreensão.

Já José Carlos de Melo,  pró-reitor administrativo da Universidade Iguaçu (Unig), instituição privada na Baixada Fluminense, é mencionado no Termo de Depoimento n° 33 do ex-secretário Edmar Santos.

Ele teria como operador financeiro Carlos Frederico Loretti da Silveira, o Kiko, e é ligado ao ex-chefe de Gabinete da Casa Civil, o advogado Cássio Rodrigues Barreiro. O escritório de Cássio atuou em processo no qual a Unig reivindicava a oferta de ensino a distância.

A Unig afirma que José Carlos foi afastado em junho.

Com informações, O Globo

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