Emissário pessoal do Dalai Lama é afastado por corrupção

Por mais de 15 anos, Tenzin Dhonden fez a ponte entre o Dalai Lama e líderes mundiais, celebridades e autoridades. O monge tibetano, conhecido também como Lama Tenzin, se apresenta como “emissário pessoal para paz” do líder budista. No entanto, ele foi suspenso do cargo de secretário e administrador do Dalai Lama Trust, organização de caridade do Dalai Lama, diante de uma investigação sobre acusações de um empresário de Seattle do ramo da tecnologia que alega que, entre 2005 e 2008, o assessor fez uso de sua posição para extorqui-lo.

O Dalai Lama e outras autoridades próximas a ele se mantiveram em silêncio durante mais de duas semanas. Na última terça-feira, no entanto, um assessor do líder espiritual confirmou que Dhonden foi afastado desde 5 de outubro. A autoridade budista teria expressado “profundo desapontamento e preocupação” sobre as acusações, que incluem que Dhonden exigia pagamentos em troca de garantia da presença do líder espiritual em evento em Washington para 150 mil pessoas. O emissário, de 53 anos, nega as acusações, através de um grande escritório de advocacia em Nova York, o Patterson Belknap. As informações são de O Globo.

Em e-mail, a defesa alega que as acusações contra o cliente dizem respeito a eventos que “aconteceram quase há uma década, são amplamente imprecisas e, de outra forma, se relacionam a conduta com uma conduta que não é ilegal, não anti-ética ou mesmo inapropriada”. Os advogados sustentam ainda que as alegações foram “desenhadas para manchar falsamente e injustamente” a reputação do acuado.

As acusações partiram de Daniel Kranzler, empresário e filantropo que disse ter sofrido pressão por vários anos para executar pagamentos ao monge, incluindo cheques, depósitos bancários e alguns em dinheiro vivo para evitar registros. As primeiras denúncias contra Dhonden foram explicitadas em cartas às quais o jornal britânico “The Guardian” tiveram acesso.

Na primeira delas, endereçada ao Dalai Lama em julho, o empresário afirma que, após reservar espaço para 150 mil participantes e comprometer milhões de dólares no evento em Washington, o emissário ameaçou, então, cancelar a viagem de Dalai Lama até lá caso não recebesse pagamentos extras. Kranzler alega que o monge pediu “pagamentos substanciais em várias formas”, que somam US$ 250 mil:

“Não tínhamos escolha a não ser ceder ao que claramente vimos como chantagem”, contou o “Guardian”.

Ele ainda alega que Dhonden pediu que o empresário comprasse uma casa de US$ 850 mil, mas fontes próximas ao representante do líder budista afirmam que ele nunca possuiu tal imóvel.

Dhonden emergiu no cenário público em 1991, quando chegou aos Estados Unidos e passou a ensinar meditação e dava aconselhamento a pacientes terminais. Em 2000, ele fundou uma organização sem fins lucrativos chama Amigos do Dalai Lama, com sede em La Jolla, Califórnia, ainda sob sua administração. Com o passar do tempo, ele se tornou o emissário pessoal do líder budista, uma posição que o levou a manter contato frequente com alguns de seus mais ricos e importantes apoiadores — como Kranzler, Steve Jobs, CEO da Apple, e o cantor Dave Matthews.

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