Em tentativa de acordo de delação premiada, ex-secretário de Saúde preso mira no governador Wilson Witzel

Wilson Witzel e Edmar Santos, na época em que o oficial da PM ainda integrava o governo

O ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos, preso na última sexta-feira acusado de desvio de dinheiro público, acertou com a Procuradoria-Geral da República (PGR) um acordo de delação em que promete apresentar informações sobre corrupção que provem o suposto envolvimento do governador Wilson Witzel no esquema, segundo a colunista do Globo Bela Megale. Participantes das tratativas disseram à colunista que os termos da colaboração premiada estão fechados, mas não confirmaram se ela já foi assinada. Em entrevista ao EXTRA, o governador disse estar tranquilo.

— Se ele (Edmar Santos) falou no meu nome, é mentira. Não há a menor possibilidade de ele ter prova contra mim de ato ilícito. Estamos no início do processo criminal, e o que a Justiça tem feito tem que ser respeitado. Tem muita coisa mal explicada, como de onde veio o dinheiro (cerca de R$ 8,5 milhões em espécie apreendidos pela polícia sexta-feira). Estou tão estarrecido como qualquer outro cidadão de ver essa quantia desviada dos cofres públicos. Tomei providências com relação a todas as denúncias que apareceram — afirmou Witzel.

No acordo de delação, segundo Bela Megale, o ex-secretário teria se comprometido a devolver cerca de R$ 8,5 milhões aos cofres públicos, mesmo valor apreendido durante a operação do Ministério Público do Rio e da Polícia Civil que o levou para a prisão. A defesa de Santos afirma que o dinheiro não estava em imóveis do seu cliente, que foi preso em seu apartamento em Botafogo — também houve buscas na casa de campo dele, em Itaipava, na Região Serrana.

A informação sobre a localização do dinheiro foi dada por outra pessoa ligada ao esquema de corrupção, segundo o RJTV, da Rede Globo. O MP não revelou a quem pertencia o montante. A investigação sobre superfaturamento na compra de respiradores envolve R$ 36,9 milhões usados para adquirir equipamentos de três empresas. De mil aparelhos, somente 52 foram entregues.

Edmar Santos, que é médico e tenente-coronel da PM, foi secretário de Saúde do início do governo Witzel, em janeiro de 2019, até 17 de maio desse ano, quando foi afastado após surgirem as primeiras denúncias de corrupção na pasta. Mas, um dia depois, ele virou secretário extraordinário para Acompanhamento da Covid-19, cargo que até então não existia. Em 28 de maio, ele se exonerou após a Justiça suspender sua nomeação.

O ex-secretário, que está na Unidade Prisional da PM em Niterói, é acusado pelo Ministério Público de ser chefe de uma organização criminosa que atuava na secretaria de Saúde. Segundo as investigações, Santos e outros funcionários da pasta superfaturaram contratos de compra de respiradores para pacientes com Covid-19.

Witzel também é investigado pela compra dos respiradores, mas no STJ. A PGR já pediu que o STJ fique responsável por todos os processos relativos às fraudes na saúde no governo do Rio.

Extra Globo

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