Em Natal e Parnamirim, 40,6% dos pacientes de covid-19 estão curados ou liberados do isolamento

Cerca de 40,6% das pessoas que já tiveram diagnóstico positivo para Coronavírus no Rio Grande do Norte já se encontram curadas ou liberadas do isolamento domiciliar. Ao longo da semana, a TRIBUNA DO NORTE levantou os dados junto às secretarias municipais de saúde de Natal, Mossoró e Parnamirim, que concentram 80% dos casos no Estado. O acompanhamento dos pacientes que não estão internados fica à cargo das secretarias municipais, e não há centralização deste dado à nível estadual.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Natal, até a última quarta-feira (8), o município tinha registro de 115 casos de coronavírus confirmados. Dessas pessoas, 15 encontram-se internadas, 21 em quarentena domiciliar e outras 94 já foram liberadas do isolamento e não apresentam mais sintomas. Já em Parnamirim, foram 33 casos confirmados, e 12 pessoas já não apresentam sintomas da doença, totalizando 106 pessoas curadas no RN.
De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria do Estado de Saúde Pública (Sesap), até a quinta-feira (9), o Estado tinha 261 casos confirmados, o que significa que ao menos 40,61% dos casos confirmados no Estado já não apresentam mais sintomas.

“De acordo com o protocolo do Ministério da Saúde, um paciente sintomático deve permanecer em quarentena por 14 dias, após esse período, o isolamento pode ser interrompido se não apresentar mais nenhum sintoma. Se o paciente permanecer sintomático, deve manter o isolamento até 48h após os sintomas desaparecerem”, diz Juliana Araújo, diretora do Departamento de Vigilância da SMS-NATAL.

O município de Mossoró, por sua vez, que tinha 63 casos confirmados até a quinta-feira, além de ter o maior número de óbitos pela doença registrados no Rio Grande do Norte (5, até a quinta-feira), ainda não possui os dados relativos às pessoas curadas. A doença causada pelo novo coronavírus fez 11 mortes no RN.

De acordo com técnica de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró, Kalidyja Oliveira, com o aumento cada vez maior no número de confirmações de casos no município, os agentes públicos estão tendo cada vez mais dificuldade em fazer o acompanhamento dos pacientes que não se encontram internados nos hospitais.

“No começo da epidemia, a gente até conseguia manter contato. Notificava, ligava, acompanhava. Mas, à medida em que esses números foram aumentando e o número de casos de internação foram crescendo, isso se tornou cada vez mais difícil”, relata a técnica.

De acordo com ela, o acompanhamento mais intenso está focado nos pacientes que encontram-se internados em estado grave no município. Os pacientes que se encontram em isolamento domiciliar, mesmo que tenham os resultados confirmados, são atendidos principalmente pelo telefone, muitas vezes a partir da procura dos próprios pacientes, caso tenham dúvidas sobre os sintomas após receberem o diagnóstico.

“Estamos tendo também muita dificuldade com o sistema que foi disponibilizado pelo Ministério da Saúde. O município não tem acesso para consolidação de dados, porque quem coloca é o próprio Estado. A planilha não vem todos os dias, então acaba gerando uma defasagem nos dados”, relata a técnica.

Apesar de estar cerca de 280 km distante da capital potiguar, Mossoró apresenta o segundo maior número absoluto de casos confirmados no RN (43, até a quinta-feira). Proporcionalmente, no entanto, comparando o número de casos totais notificados (185) e o número total de confirmados (63) e descargados (43), a cidade já supera a capital. A cada 12,9 notificações para coronavírus, Natal teve uma confirmação. Já em Mossoró, a cada 2,9 notificações, confirmou-se um novo caso da doença.

Recém curados devem ter cuidados redobrados

Por ser um vírus novo e muitos de seus aspectos, inclusive o tratamento específico, ainda serem desconhecidos pela ciência, infectologistas alertam para a importância de redobrar os cuidados com os pacientes que se recuperaram da doença. Ainda não há estudos conclusivos que apontem, por exemplo, se é possível que uma pessoa que já foi infectada contraia o vírus uma segunda vez, o que deixa em alerta profissionais da área.

“Tudo que está acontecendo é aprendizado para quem está estudando o comportamento desse vírus no organismo, e ainda não há respostas definitivas ou cientificamente comprovadas”, disse o infectologista Luís Alberto Marinho à TRIBUNA DO NORTE. De acordo com o infectologista, o que há de concreto atualmente sobre o Coronavírus é que a doença é altamente contagiosa e que “não se trata de uma simples gripe”, destaca Marinho.

De acordo com o médico, a expectativa da comunidade científica é de que, uma vez recuperado, o indivíduo se torne resistente, como acontece com outros vírus respiratórios. Entretanto, ainda não há comprovações que sustentem a teoria e, mesmo que fosse comprovada, seria necessário um estudo para determinar o tempo pelo qual esse indivíduo continuaria imune.

Além dos cuidados redobrados para evitar se expor ao vírus uma segunda vez, o infectologista afirma que as pessoas que estão em processo de recuperação recente da doença devem optar pelo isolamento não apenas por causa do covid-19, mas para não se expor a outras doenças que podem se aproveitar do sistema imune fragilizado, tendo em vista que o vírus afeta diversos órgãos.

*Por Mariana Ceci – Tribuna do Norte

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