Em meio à crise nos presídios, governador de Goiás viaja

Em meio a uma grave crise no sistema prisional, com três rebeliões em cinco dias, nove detentos mortos (dois deles decapitados) e 200 fugas, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), decidiu deixar o estado que governa e passar os últimos quatro dias fora, em viagem. Perillo não é visto desde terça, dia seguinte à primeira rebelião na Colônia Agroindustrial do Complexo Penal de Aparecida de Goiânia, um presídio de regime semiaberto onde nove presos foram mortos – os corpos de alguns deles ficaram carbonizados.

Auxiliares diretos do governador confirmaram ao GLOBO que o tucano viajou e que só atende as demandas surgidas com a crise por telefone. O secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária, Ricardo Balestreri, precisa despachar com o vice-governador, José Eliton (PSDB), inclusive neste sábado, em razão da ausência de Perillo.

Os assessores que integram o entorno do tucano escondem qual o paradeiro dele e se negam a esclarecer onde está o governador. Na edição deste sábado, o jornal “Folha de S. Paulo” afirma que Perillo foi flagrado em clima de recesso em uma praia, acompanhado da família. Uma foto do governador numa praia de Pernambuco circula pelas redes sociais, mas a assessoria do tucano não confirma que a imagem corresponda ao atual paradeiro de Perillo.

Desde o início da crise, a estratégia do governador vem sendo culpar a União pelo atual caos do sistema penitenciário. Enquanto Perillo se ausentou do estado, autoridades federais se envolveram na discussão sobre o que ocorre nos presídios goianos. A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Cármen Lúcia, confirmou na quinta-feira que visitará o complexo penitenciário em Goiás onde houve as rebeliões. A visita está agenda para a manhã da próxima segunda-feira.

Já o ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou ontem em entrevista ao GLOBO que o governo federal tem responsabilidade “absolutamente zero” pelas rebeliões nos presídios goianos e que o governo de Perillo, ao receber R$ 44,7 milhões do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) e deixar de transferir o dinheiro para contas específicas, incorreu num ato ilícito, com desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e à Lei Orçamentária Anual (LOA). Dados do Ministério da Justiça apontam que Goiás gastou apenas R$ 7,7 milhões do total repassado em dezembro de 2016, o que representa 17,2% do total. Perillo ainda não respondeu às críticas do ministro.

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