Com UTI Neonatal superlotada, Januário Cicco suspende novas internações

A Maternidade Escola Januário Cicco, localizada no bairro de Petrópolis, e uma das unidades públicas de obstetrícia remanescentes da capital potiguar, interrompeu, na tarde desta terça-feira (28) a internação de novas pacientes em virtude da superlotação em sua UTI Neonatal. De acordo com a instituição, os 23 leitos da unidade de terapia intensiva (que correspondem a 30% de todos os leitos dessa especificidade do RN) estão ocupados e outros sete bebês prematuros ocupavam, ontem, salas de parto e o centro cirúrgico obstétrico, de forma paliativa, aguardando vaga na UTI Neo da instituição. Não existe um prazo para que a situação seja normalizada.

Em nota, a superintendência da maternidade afirmou que a UTI Neonatal da unidade está trabalhando 30% acima de sua capacidade máxima, o que fez com que novos internamentos fossem suspensos até as condições serem restabelecidas. Além das novas admissões de pacientes, também não estão sendo executados os atendimentos de qualquer natureza, inclusive de avaliação, feitos na emergência. De acordo com a maternidade, essa é uma medida que visa “concentrar forças” para que pacientes que já estão internadas enquanto aguardam o parto possam ser melhor atendidas: até o final da tarde desta terça-feira, a unidade tinha 11 gestantes (seis para cesáreas e cinco para partos normais). Nesses casos, há cautela pois, há possibilidade de que os recém-nascidos possam precisar, após o parto, de cuidados que só poderiam ser dados na UTI Neo, que está lotada.

A Januário Cicco é uma das poucas maternidades públicas disponíveis na capital potiguar. Atualmente, Natal conta com três outras unidades públicas de obstetrícia. Na rede municipal, são duas unidades médicas: a Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto, no bairro do Tirol e a Maternidade Leide Morais, no bairro de Nossa Senhora da Apresentação. Já na rede estadual, a opção é o Hospital Santa Catarina, no bairro Potengi. No entanto, os encaminhamentos de hospitais municipais do interior costumam ser direcionados, principalmente, para a Maternidade Januário Cicco.

Ligada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a unidade é a única da esfera federal a prestar serviço público gratuito na capital potiguar. Os pacientes são encaminhados de hospitais da capital e do interior do Estado. Em nota, a maternidade afirma que “enquanto hospital universitário, com a finalidade de ensino, referência no atendimento da mulher e do recém-nascido em nosso Estado, não mede esforços para atender o máximo de mulheres e bebês, nunca, entretanto, em detrimento da segurança do paciente” e acrescenta que “tão logo a situação seja normalizada, voltaremos a informar”, se referindo a mudanças acerca da suspensão dos atendimentos.

Atendimentos
Durante a tarde desta terça-feira, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve na Maternidade Januário Cicco para acompanhar qual era o protocolo de atendimento às mulheres que chegavam na emergência da unidade. Na porta da emergência, avisos em folhas de papel já davam conta que as internações haviam sido suspensas.

No final da tarde, pelos 30 minutos que a reportagem esteve no local, duas pacientes (uma buscava avaliação ginecológica, outra se dirigiu à maternidade para recebimento de exames) não conseguir fazer os procedimentos que buscavam na unidade. No entanto, nenhum caso de encaminhamento de gestante para internação ou já em trabalho de parto foi registrado enquanto a reportagem esteve na maternidade.

Elaine foi a última paciente internada ontem

A decisão da suspensão de novas internações foi tomada no início da tarde, por volta do meio dia, após movimento intenso no período da manhã. Pouco antes disso, às 11h, Elaine de Azevedo, de 35 anos , chegou à maternidade já em trabalho de parto. Ela foi a última gestante a ser admitida antes da suspensão dos atendimentos e internações. Cerca de uma hora depois, a pequena Maria Sofia nasceu, em parto normal. A auxiliar de produção conta que o parto seria feito em uma cesárea, mas que os planos foram alterados de última hora em virtude da bolsa ter estourado.

Em virtude de um diagnóstico de lúpus nas articulações, durante a gestação, aliado à diabetes e pressão alta, a gravidez era considerada de risco. Tanto no Centro de Referência quanto na maternidade do município interiorano, as recomendações sempre eram que Elaine deveria procurar à Maternidade Januário Cicco. “Dependendo do dia, me remediavam pra pressão alta e me mandavam pra casa ou me mandavam pra cá. Nunca mencionaram outra maternidade aqui em Natal”, afirma Elaine, que conta que chegou a se dirigir à Januário Cicco duas vezes na semana passada, mas que não era admitida em virtude da sua gestação não ter completado as 38 semanas. Elaine ainda não sabe quanto tempo ficará na unidade. A pequena Maria Sofia teve um parto considerado perfeito pela equipe médica e não precisou de cuidados da UTI Neonatal. Outros bebês não tiveram o mesmo destino. São 23 recém-nascidos em leitos da UTI e outros sete no Centro Cirúrgico Obstétrico e salas de parto da instituição, onde a equipe de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem emulam os cuidados que os bebês teriam em leitos da unidade de terapia intensiva.

Números

23 é o número de leitos da unidade de terapia intensiva Neonatal da Maternidade Januário Cicco, da UFRN

7 bebês prematuros ocupavam, ontem, salas de parto e o centro cirúrgico obstétrico, aguardando vaga na UTI Neo

11 gestantes (seis para cesáreas e cinco para partos normais) estão internadas na MEJC, segundo informações da superintendência.

*Tribuna do NOrte

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