Arthur Virgílio diz que prévias são última chance para o PSDB

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, promete ser o grande obstáculo para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tornar-se rapidamente o candidato do partido à Presidência em 2018. Ao chegar na convenção que irá chancelar o paulista como presidente nacional do PSDB, Virgílio disse que não abrirá mão das prévias para a disputa presidencial e que ela é a única forma do partido não acabar. Na visão dele, o PSDB está mais desgastado que o PMDB, do presidente Michel Temer.

— (Com as prévias), o perdedor sai mais forte, o vencedor estará legitimado. O partido terá sido passado a limpo, isso é muito importante. Não é que o partido esteja tão desgastado quanto o PMDB, o partido está mais desgastado que o PMDB, porque ninguém nunca esperou nada do PMDB, e se esperou muito do (nosso) partido. Teve 48,5% dos votos nas últimas eleições e depois mostrou o fiasco que nós todos presenciamos, com muito desagrado. Então nós temos que simplesmente ir para a luta e jogarmos o que para mim é uma última cartada nesse partido. Se o partido vier com aqueles conchavos, reuniões pequenas, decisões de petit comité, esse partido simplesmente acaba — afirmou na chegada.

A expectativa é que Virgílio faça um duro discurso durante a convenção. O prefeito, que foi senador e líder do governo Fernando Henrique Cardoso na Câmara, chegou ao evento acompanhado da mulher e ironizou as faixas de apoio a Alckmin do lado de fora. As informações são de O Globo.

— As prévias vão servir para unir o partido com quem ele precisa: o povo. Vejo muitas faixas aqui. Se elas votassem, estava resolvido: Geraldo era o candidato. Mas como quem vota é o povo, eu sou mais eu.

Nos últimos dias, muitos tucanos procuraram Virgílio sugerindo que ele abrisse mão da candidatura para apoiar de pronto Alckmin. Ele, no entanto, se mostrou irredutível. Segundo o senador, já existe um acordo para que ele e o paulista realizem debates em dez cidades e que, durante a disputa, nenhum dos dois entrará “no pessoal”.

— Esta é a última chance, a única chance de se salvar esse partido. Se este partido não mergulhar em si mesmo e se expuser aos olhos da nação ele primeiro fica irrelevante, depois ele desaparece — afirmou.

De início, o prefeito já pretende se diferenciar de Alckmin na organização de sua candidatura. Enquanto o paulista já conversa com partidos para tentar formar um amplo arco de alianças em busca de tempo de TV, Virgílio diz ser contra acordos com PMDB e PP, por exemplo.

— Quero mostrar as diferenças, oxigenar a ele (Alckmin), oxigenar a mim, oxigenar o partido, sem essa briga medíocre por tempo de televisão. Tem que ter o PP? Sou contra. Tem que ter o PMDB? Sou contra. Com três minutos benditos você vence essa eleição e derrota quem tiver 15 minutos malditos. É só falta de sensibilidade política achar que somando tempo de televisão vai garantir a vitória. É uma eleição completamente atípica e que vai prevalecer muito a capacidade de se convencer o eleitor de que se está falando sério e de que a proposta é mesmo redimir o PSDB e dar rumos para o país. Você não dá rumos ao país quando começa lotando o partido em cargos e repetindo desastres tão recentes.

VIRGÍLIO FAZ DISCURSO DISSONANTE

O discurso de Virgilio foi na contramão da festa tucana pela eleição de Alckmin à presidência do partido. Ele pregou “não” a alianças com partidos da base do governo Michel Temer para a eleição de 2018 e cobrou prévias amplas para escolha do candidato tucano ao Planalto.

— Não há no código penal nenhuma proibição para que eu dispute a Presidência. Não entro nas coisas para brincar. Jamais brinquei com o PSDB. Brigo por meu votos — discursou o tucano.

Virgílio disputa com o governador Gerado Alckmin o posto de presidenciável do PSDB. Os dois tiveram um encontro ontem à noite para tentar chegar a um acordo sobre um anúncio de Alckmin como o candidato do partido durante a convenção desde sábado, mas não houve sucesso.

— Vai haver prévia respeitosa, dura, geral ampla e irrestrita. Vamos percorrer esse pais juntos, vamos fazer um milhão e 200 mil pessoas se manifestarem — defendeu Virgílio aos militantes no evento tucano, se referindo ao seu pleito de que todos os filiados tenham direito a voto na eleição interna.

Ele também não poupou críticas ao partido e condenou qualquer aliança com o PMDB.

— Quero fazer um arco de alianças onde não cabe o PMDB. Também não aceito o apoio do PP, apoios expurgos.

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