Após prometer ‘medidas adicionais’, Doria decide esperar efeitos de fase emergencial contra Covid-19

O governador de São Paulo, João Doria, durante cerimônia de início da imunização contra coronavírus no estado Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Após prometer ‘medidas adicionais’ contra a Covid-19 diante de um quadro que o governador João Doria (PSDB) classificou como gravíssimo e dramático, o governo de São Paulo decidiu aguardar os efeitos da fase emergencial em vigor desde segunda-feira antes de adotar novas medidas para conter o aumento dos casos de coronavírus no estado.

Mais cedo, durante entrega de 2 milhões de doses da CoronaVac no Instituto Butantan, Doria afirmou na manhã desta quarta-feira que o estado deverá adicionar “medidas adicionais” na tentativa de conter o ritmo de transmissão do coronavírus em meio a um crescimento contínuo no número de casos e internações. O governador afirmou que o quadro é “gravíssimo e dramático” tanto no estado quanto no restante do país e que novas medidas serão adotadas.

— Hoje, o Centro de Contingência tem uma reunião pela manhã e na entrevista coletiva anunciaremos quais serão as medidas adicionais que certamente terão que ser adotadas — afirmou.

Após a reunião, durante entrevista coletiva, contudo, não foram adicionadas novas medidas. Segundo o coordenador do Centro de Contingência, Paulo Menezes, é preciso aguardar de uma a duas semanas para compreender os efeitos da fase emergencial adotada a partir de segunda-feira com restrição ao funcionamento de comércios e à circulação de pessoas.

— Semana passada já foram tomadas medidas muito firmes,  que impactam na vida da população de São Paulo. Precisamos de algum tempo para poder observar o impacto dessas medidas. É preciso que nos tenhamos medidas que de fato sejam efetivas — afirmou Paulo Menezes.

Nesta terça-feira, São Paulo alcançou um novo recorde de óbitos em um dia, com 679 mortes por Covid-19. O crescimento ocorre enquanto todo o sistema de saúde no estado e no país caminha para o colapso nas próximas semanas caso o crescimento de internações persista. Nesta quarta-feira, o coordenador do Centro de Contingência admitiu que o índice de isolamento em São Paulo nos últimos dias tem permanecido em torno de 44%, ainda abaixo dos 50% que são considerados ideais. Por outro lado, segundo Paulo Menezes, houve diminuição de 61% no número de passageiros no transporte público. Menezes também afirmou que algumas pessoas estão saindo de casa apenas para trajetos curtos, como para realização de exercícios, mas que estão obedecendo ao distanciamento recomendado pelas autoridades.

— Estamos diante de um quadro gravíssimo, dramático, não apenas em SP mas em todo o Brasil. E continuamos sem uma coordenação nacional. Cada estado brasileiro está heroicamente fazendo o que pode, governadores, prefeitos e prefeitas, para preservarmos vidas — disse o governador João Doria.

O governador participou nesta manhã da entrega de mais 2 milhões de doses da CoronaVac, a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Com esse novo carregamento, que será enviado ao Programa Nacional de Imunizações, o total de vacinas disponibilizadas pelo Butantan chegará a 22,6 milhões de doses desde o início das entregas, em 17 de janeiro.

O contrato entre o Ministério da Saúde e o órgão prevê a entrega de 46 milhões de doses até abril e outras 54 milhões até agosto.

Governo de SP zera impostos do leite

Nesta quarta-feira, o governo estadual também anunciou uma série de medidas de incentivo a empresários do estado. Entre as medidas para auxiliar alguns dos setores mais afetados pela pandemia, Doria destacou que a cobrança de ICMS do leite pasteurizado foi zerado, e o de carnes (bovinas, suínas e de frango) foram reduzidas de 13,3% para 7%.

— Fizemos um amplo diálogo com os setores produtivos. E dado esse bom entendimento, o governo de São Paulo anuncia que o leite pasteurizado terá isenção completa de ICMS para o consumidor — afirmou Doria.

O governador, entretanto, destacou que esse tipo de medida de incentivo à economia deveria ser feita pelo governo federal. Entre as medidas para a economia do estado, o tucano ainda revelou o lançamento de crédito de R$ 100 milhões para micro e pequenos empreendedores, além da suspensão de gás e água de o setor de comércio e serviços por mais 30 dias.

— É responsabilidade do Ministério da Economia olhar, atuar e proteger a economia do país. O Brasil tem urgência no auxílio emergencial, nas medidas de proteção ao emprego e linha de financiamento a juros baixos — disse.

O Globo

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