Apoio a Temer custará mais

Câmara dos Deputados
Para que os deputados rejeitem a denúncia, Temer tem que negociar cargos federais com partidos e emendas parlamentares

Aliados do presidente Michel Temer (PMDB) estão preocupados com os efeitos da divulgação dos vídeos da delação do doleiro Lúcio Funaro justamente na semana em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados deve votar a denúncia contra o peemedebista. A avaliação é de que, embora a revelação das imagens não tenha poder suficiente para alterar a tendência favorável ao arquivamento da acusação, o “preço” a se pagar para a salvação do presidente deve aumentar.

Por causa disso, o Palácio do Planalto já espera que partidos e grupos de parlamentares voltem a procurar o presidente querendo mais do que já haviam exigido para enfrentar o desejo da opinião pública e livrar o peemedebista. As exigências são sempre as mesmas: nomeação de cargos e liberação de emendas.

Um dos integrantes da articulação política do presidente da República admitiu ao blog do jornalista Gerson Camarotti, do portal G1, que a situação mudou após os vídeos. “Essa divulgação foi muito ruim porque vai aumentar a cobrança dos aliados”, teria dito.
O governo espera que o impacto seja maior nesta semana, quando a CCJ analisa o caso. Na semana seguinte, quando está prevista a análise no plenário da Casa, a expectativa é de que o caso já esteja menos em voga. A oposição, porém, promete fazer bastante barulho com as imagens.

Perda de votos. Mesmo antes da divulgação dos vídeos, a base aliada já vinha demonstrando sinais de rebeldia, e o governo já sabia que deveria contabilizar menos votos desta vez. As perdas poderão ser debitadas na conta do próprio governo, que não conseguiu contornar os problemas entre seus apoiadores.

Entre os partidos que já admitem que menos gente votará para arquivar a acusação do Ministério Público está o DEM, que está em pé de guerra com o PMDB por conta da disputa por filiações partidárias, e o PSD, insatisfeito com o fato de o Planalto não ter retaliado os partidos infiéis.

“O governo saiu da primeira denúncia e não se renovou em nada, os problemas continuam. Os ministros só tentam salvar sua pele. O salve-se quem puder aumentou, e isso enfraquece o comando do governo”, diz o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA).

A tendência é que Temer compute menos votos tanto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde a denúncia será votada na semana que vem, quanto no plenário, cuja votação está prevista para o dia 24. Para o líder do PSD, deputado Marcos Montes, o governo tem que ficar em alerta nas próximas duas semanas. Ele diz que não sabe precisar, mas que haverá mais traições a Temer.

“O que ajuda a situação é que a denúncia é frágil e também a gente sente que o mercado quer que nada aconteça. Mas a insatisfação é grande. No meu partido, ele perde alguns votos”, afirma Montes.

Tentativa. Aliados de Michel Temer querem acelerar o andamento da denúncia na CCJ da Câmara. Sem discursos, eles esperam antecipar a votação no colegiado já para a quarta-feira.

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