Maiores bancos do país lucram R$ 17,4 bi no ano

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Os grandes bancos de capital aberto no país conseguiram, pela primeira vez desde o começo da crise, em meados de 2015, entregar resultados maiores que os gastos com calotes em um trimestre.

Embora o motor para o ponto de inflexão tenha sido, principalmente, a trégua da inadimplência nas grandes empresas, o fato de a maioria dessas instituições ter conseguido expandir suas carteiras de crédito a despeito de um trimestre sazonalmente fraco é um sinal de que o volume de empréstimos pode compensar, ainda que em parte, a queda da Selic (juros básicos da economia) ao longo do ano.

Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil apresentaram lucro líquido de R$ 17,406 bilhões de janeiro a março, cifra 11,44% maior do que a registrada um ano antes, de R$ 15,6 bilhões.

Em contrapartida, as despesas com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs brutas, ou seja, que não consideram recuperações, seguiram em queda no primeiro trimestre. Esses gastos encolheram 17,53% no período em relação há um ano, para R$ 17,363 bilhões ao final de março. Assim, ficaram levemente abaixo do lucro entregue no período pela primeira vez desde o estouro da pior crise política e econômica no país. No comparativo trimestral, as despesas com PDDs encolheram 7,82%.

A tendência, conforme os executivos dos grandes bancos, é de queda da inadimplência no decorrer de 2018. O único que manteve o índice estável no primeiro trimestre, considerando atrasos acima de 90 dias, foi o Itaú, impactado por um caso específico nas grandes empresas. Apesar disso, o presidente executivo do banco, Candido Bracher, afirmou que não vê interrupção da trajetória de melhora da inadimplência, mas antecipou que o ritmo de redução dos calotes vai diminuir. Nos demais players, o primeiro trimestre, que sofre influência por maiores gastos de início de ano, o que pesa, principalmente, nos calotes de curto prazo (atrasos entre 15 e 90 dias) veio acompanhado da melhora na qualidade dos ativos.

Os resultados dos grandes bancos vêm em meio ao debate mais aquecido sobre a queda dos spreads bancários (diferença entre o custo de captação e o que cobram pelo crédito) no Brasil. Segundo dados do Banco Central, as taxas cobradas dos financiamentos com recursos livres cresceram 1,9 ponto porcentual no primeiro trimestre, passando de 31,8 pontos em dezembro para 33,7 pontos em março último. No caso das pessoas físicas, segmento cujas margens são melhores do que junto às empresas, o salto foi de 46,2 pontos para 49 pontos. Entre os executivos dos grandes bancos, há uma expectativa de que os spreads caiam ao longo deste ano, mas o ritmo de queda será ditado pelo comportamento da inadimplência.

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