Temer segura trocas ministeriais para negociar apoio em votações

O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, que foi indicado pelo PP para o Ministério da Saúde, mira a câmera em evento no Planalto, em novembro

O presidente Michel Temer tem condicionado a continuidade de partidos governistas em cargos de primeiro escalão à promessa de apoio a propostas polêmicas, que enfrentam dificuldades no Poder Legislativo.

Além do compromisso em defender publicamente a imagem do presidente, ele incluiu no pacote de negociações a garantia de votos para a aprovação da reoneração da folha de pagamento de setores econômicos e a privatização da Eletrobras, medidas que prometem engordar os cofres públicos.

As iniciativas encontram resistência na própria base aliada. Em ano de campanha, parlamentares receiam o impacto em votar a favor delas em seus redutos eleitorais.

Em busca de apoio, o presidente avalia segurar a troca do comando de algumas pastas durante a reforma ministerial.

Com isso, interinos ficariam na cadeira do ministro até que se chegue a um acordo com as siglas pela aprovação das medidas.

As mudanças começarão na semana que vem com as saídas de Ricardo Barros (Saúde) e Maurício Quintella (Transportes). Mais oito ministros deixarão os cargos para a disputa eleitoral até 7 de abril, fim do prazo para a desincompatibilização. As informações são da Folha de São Paulo.

Segundo a Folha apurou, Educação, Trabalho e Indústria devem ser algumas das pastas que ficarão sob a batuta de interinos até que se chegue a um acordo com os partidos e os substitutos oficiais sejam definidos.

A Fazenda também terá substituição caso Henrique Meirelles decida disputar a eleição presidencial.

À frente do Ministério das Cidades, Alexandre Baldy, que havia afirmado em fevereiro que não se candidataria a nada, agora não afirma se permanecerá na pasta.

NEGOCIAÇÕES

Na Saúde, o PP indicou e deve ser nomeado o presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi.

Além de ser o favorito do presidente do PP, Ciro Nogueira, ele conta com a simpatia do Palácio do Planalto.

Em janeiro, uma auditoria independente contratada pela Caixa sugeriu que fosse apurada a suspeita de que Occhi teria pedido propina para repassar para o PP. A acusação foi feita pelo corretor de valores Lúcio Funaro.

Em depoimento à Justiça Federal, ele afirmou que Occhi tinha uma “meta de propina” para repassar ao partido. A acusação é refutada pelo presidente da Caixa.

Para a pasta dos Transportes, o PR indicou o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Valter Casimiro. O nome dele não enfrenta resistência de Temer. Antes dele, o partido tentava emplacar um de três nomes que figuraram no noticiário por causa de denúncias.

O ex-deputado federal Bernardo Santana (MG) e o senador Wellington Fagundes (MT), no entanto, participarão da disputa eleitoral. A ex-vice-presidente da Caixa Deusdina dos Reis Pereira tentará ser reconduzida ao banco depois de ter sido investigada por tráfico de influência.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, já conversou com os auxiliares que estão de saída para fazer um balanço de suas pastas e receber indicações de sucessores.

Com as sugestões em mãos, o presidente chamará na próxima semana os presidentes dos partidos que comandam cada ministério para discutir os novos nomes e o apoio à pauta governista.

Nas pastas da Indústria e do Trabalho, tanto o PRB como o PTB ainda não chegaram a um acordo por um nome, o que deve levar à manutenção dos interinos.

Na Educação, o DEM trabalha pela nomeação da secretária-executiva Maria Helena de Castro, mas o Palácio do Planalto tem resistência ao seu nome por sua ligação histórica com o PSDB.

Com a saída do ministro Mendonça Filho, em 5 de abril, a tendência é de que Temer nomeie a secretária-executiva de forma interina para evitar um desgaste com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), responsável por pautar os projetos governistas na Casa.

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