“Seria a pior das estratégias do MDB”, diz Renan sobre candidatura Temer

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O ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL), candidato a um quarto mandato de senador, verbalizou, em entrevista à Reuters, o que muitos emedebistas, principalmente de fora do Palácio do Planalto, sussurram em privado: a candidatura à Presidência de Michel Temer só tem a atrapalhar o plano do partido de eleger governadores, senadores e deputados.

“É a contradição de expor o maior partido a um candidato com 1 por cento nas pesquisas. Essa seria a pior das estratégias eleitorais do MDB”, disse Renan, que é um desafeto declarado de Temer.

O fato é que o plano eleitoral do Planalto para o MDB esbarra, segundo integrantes do partido ouvidos pela Reuters, nos esforços da legenda para se manter como a maior bancada tanto no Senado, quanto na Câmara —posição que divide com o PT—, além de garantir presença em governos estaduais. Esses são alguns dos principais pilares da força política da legenda.

“Essa candidatura inviabiliza entendimentos e coligações nos Estados, até porque o MDB é um partido congressual”, criticou uma liderança da legenda, que pediu para falar sob a condição do anonimato com receio de sofrer retaliações da direção partidária. “Ninguém quer dividir palanque com candidato com forte rejeição”, completou. As informações são da Agência Reuters.

“Tem corrente no Planalto que defende a candidatura. Isso seria o melhor dos mundos se ele tivesse apelo para defender o legado. Seria a melhor solução”, disse outra liderança emedebista. “Agora, nós temos 14 candidatos a governador. O palanque tem que estar forte. Esse palanque vai enfraquecer ou fortalecer meus candidatos a governador? Tem que ver.”

Hoje uma candidatura Temer mais atrapalharia que ajudaria, avaliam emedebistas. Pesquisa do instituto MDA para a Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada nesta semana, mostrou avaliação negativa de 73,3 por cento ao governo Temer e uma avaliação positiva à sua gestão de apenas 4,3 por cento. Mais que isso, 88 por cento dos entrevistados disseram que não votariam em Temer “de jeito nenhum”.

Fora dos corredores palacianos, a conveniência de ter Temer como candidato é vista como uma ideia quase estapafúrdia. Outra fonte ouvida pela Reuters reiterou que essa é uma ideia gestada e alimentada no Palácio do Planalto, sem conexão com a realidade.

O plano da candidatura Temer foi colocado de forma mais clara para o partido na semana retrasada, quando, durante reunião a portas fechadas da Executiva Nacional do MDB, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, defendeu a candidatura de Temer. Na mesma ocasião, o presidente da legenda, senador Romero Jucá (RR), também defendeu candidatura própria ao Planalto.

Na reunião, segundo uma fonte que participou do encontro, parlamentares e lideranças regionais nada comentaram sobre essas pretensões.

Deputados e senadores, mais em contato com as ruas e preocupados com suas próprias reeleições, não veem como viável o presidente em seus palanques. “Hoje o nome mais forte é Meirelles, e a cúpula do partido concorda com isso”, disse a fonte.

Renan, aliás, lembrou que o MDB da Câmara vai ter uma dificuldade adicional para eleger deputados, diante do assédio a parlamentares em razão da janela partidária, que permite aos parlamentares trocarem de partido.

Ainda assim, não se sabe se vale a pena o sacrifício por uma candidatura de um “cristão novo” no MDB com pouca força popular, como Meirelles é descrito, dizem fontes do partido.

“Não vejo nenhuma chance, nenhum apelo não”, afirmou um. Em tom de troça, outra fonte disse que daria Meirelles de graça a outro partido e não pediria nada em troca, ao falar sobre a densidade eleitoral dele.

Alguns emedebistas avaliam ainda que, em uma eleição com pouco dinheiro, ter um candidato à Presidência ainda tem o agravante de tirar recursos das candidaturas estaduais e legislativas. Se Meirelles fosse o candidato, lembrou uma fonte, ele ainda poderia bancar a própria campanha. Mas, por enquanto nem isso é um fator decisivo para o ministro.

“Você vê alguém pondo Meirelles no santinho? Defendendo o nome dele lá em Juazeiro? Campina Grande?”, perguntou uma fonte.

O plano Temer também prejudicaria outro trunfo usado pelo MDB nas ultimas duas eleições presidenciais —postular uma candidatura a vice-presidente e, em troca, oferecer o tempo de rádio e TV no horário eleitoral gratuito para o cabeça de chapa.

Há quem avalie, entretanto, que toda essa movimentação de aliados de Temer é justamente para cacifar o partido para, sem Temer ou Meirelles como candidato ao Planalto, barganhar uma candidatura a Vice-Presidência.

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