Mesmo em meio à pandemia da Covid-19 — e até em razão dela –, o mundo político só pensa em 2022.
Jair Bolsonaro, ainda em busca de um partido para tentar a reeleição, acredita ter garantido, pelo menos, os apoios do Progressistas, de Ciro Nogueira; do PL, de Valdemar Costa Neto; e do Republicanos, ligado à Igreja Universal. No caso desses três partidos, o casamento parece sem qualquer possibilidade de divórcio, diante dos laços que foram formados.
Partidos como MDB e PSD, de Gilberto Kassab, por sua vez, que têm pés no governo, mas se vendem como independentes, vão esperar o cenário clarear melhor.
Um político que passou mais de 15 anos no Congresso, fez uma ponderação a O Antagonista: “Os partidos que hoje estão com Bolsonaro perceberam que nunca tiveram um presidente tão enfraquecido e manipulável. Vão chupar o palito do picolé até o limite do pragmatismo, mas, se virem que a aposta será errada, pularão fora a tempo”.
Na oposição e no tal “centro democrático”, as conversas estão fervilhando nos bastidores, mas não há, até aqui, qualquer sinalização de uma possível unidade. Os nomes colocados ainda estão sendo testados e podem surgir surpresas, como a empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, ou o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD).
O Antagonista ouviu nos últimos dias diversos atores políticos, principalmente os que estão envolvidos diretamente na tentativa de construção de uma ainda improvável “frente ampla” contra Jair Bolsonaro. Eles evitam dizer que Bolsonaro é, hoje, “favorito”, mas todos reconhecem que, se a fragmentação persistir, o atual presidente “largaria na frente, não por mérito próprio, mas por incompetência dos demais”, definiu um deles.
Ainda que o “Centrão raiz” continue dando sustentabilidade ao governo, como agradecimento aos cargos e emendas que está recebendo como nunca, a continuidade da pandemia, o destempero do presidente e os rolos envolvendo seus filhos, além do claro estelionato eleitoral, deixam o jogo em aberto. Caciques partidários dessa base fisiológica do governo admitem não ter dúvidas de que Bolsonaro chegará a 2022 “bastante desgastado”, mas torcem para que não surja uma alternativa viável e para que seja reeleito impondo a narrativa de que “não há ninguém melhor que ele”.
No centro, incluindo a centro-esquerda, há um consenso de que, isolando o PT, será preciso apresentar “uma candidatura da esperança, da melhoria de vida, da estabilidade, da paz e da harmonia”. O desafio, defendem os principais nomes, será ajustar as afinidades, aparar as vaidades, resolver as diferenças e “não cair no jogo do Bolsonaro”, qual seja: a política do confronto, na qual o PT poderia ressurgir.
Com pesquisas em andamento, nomes do centro esperam constatar em breve que boa parte da população “cansou dos extremismos” e de “pautas ideológicas” e quer voltar a ver a política como “solução dos problemas” — uma amostra disso foi dada nas eleições municipais do ano passado. Em eleições majoritárias, argumentam os mais experientes, não se escolhe “o candidato ideal”, mas “o preferido entre as opções postas”. Alguém poderá ganhar de Bolsonaro, portanto, se conseguir convencer o eleitorado de que pode fazer melhor que ele.
Ainda sobre as pesquisas que estão sendo encomendadas por partidos políticos do centro, há uma torcida para que o teto da aprovação de Jair Bolsonaro não passe, nos próximos meses, de 35% ou 40%. “Nosso maior desafio será, sem dúvidas, unir o centro. Se o centro conseguir se unir em torno dos moderados, que acreditamos ser um grupo crescente, vamos ao segundo turno com chances de vitória. Se não conseguirmos unir o centro e nos pulverizarmos em quatro, cinco candidaturas, a esquerda ganhará espaço e repetiremos 2018”, resumiu um dos nomes do centro.
Leia a situação política de cada um dos possíveis candidatos até aqui (em ordem alfabética):