‘Jogar a culpa na esposa falecida é inaceitável’, diz Alckmin sobre Lula

Alckmin disse que 'ninguém está acima da lei' e que é preciso confiar na Justiça, ao falar de Lula

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), criticou nesta quinta-feira (11) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por ter atribuído à ex-primeira dama Marisa Letícia, morta em fevereiro, as decisões sobre o imóvel em Guarujá (SP).

“Ter jogado a culpa na esposa falecida é algo inaceitável, inaceitável”, disse o tucano. “Em relação ao processo todo, ninguém está acima da lei. Há uma denúncia, investiga-se, faz inquérito, apura e julga. É isso que país civilizado faz”, concluiu.

Em audiência com o juiz Sergio Moro na quarta-feira (10), Lula afirmou que, enquanto ele havia descartado a compra do apartamento, Marisa Letícia ainda refletia.

“Eu não ia ficar com o apartamento, mas a dona Marisa ainda tinha dúvida se ia ficar para fazer negócio, ou não.” Moro perguntou se ela decidiu não ficar. “Não discutiu comigo mais”, ele respondeu. As informações são da Folha de São Paulo.

Sem comentar especificamente o desempenho de Lula, o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, defendeu que se “despolitize todo o processo investigativo”.

“Foi desnecessária toda a exploração em torno de um depoimento que poderia ter acontecido sem essa exploração política de parte a parte, de todas as partes”, afirmou.

Tanto Alckmin quanto Aécio são citados na Lava Jato.

Auxiliares do presidente Michel Temer minimizaram a importância do depoimento, por ser o primeiro de uma série que o ex-presidente terá de prestar à Justiça.

Aliados de Lula ressaltaram o efeito político do desempenho do ex-presidente no depoimento. Para petistas, o tom de indignação adotado por Lula reforça a ideia de que há um julgamento político em curso e sedimenta a construção de um discurso com vistas à candidatura em 2018.

“Pode ser que a altivez [de Lula] não sirva juridicamente. Mas serve muito politicamente. A militância saiu mais convicta da candidatura de Lula e de sua inocência”, disse o presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza.

No comando petista, a estratégia será a de insistir na narrativa de que uma eventual condenação seria fruto de perseguição.

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirma que Moro tem que “agir juridicamente”: “A pessoa que tem o trabalho dele não pode manchar a biografia. Apesar de todas as torcidas, a convicção democrática tem que prevalecer sobre as pessoais”.

Apesar de elogiarem o comportamento do ex-presidente, petistas reconheceram que ele cometeu alguns deslizes, sendo um deles o momento em que se contradisse ao falar da relação do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque.

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