Governo Temer negocia apoio integral da bancada do PMDB à Previdência

A aprovação da reforma da Previdência esbarra em pelo menos dois obstáculos: as dificuldades internas do PMDB em fechar posição em torno da proposta, para dar o exemplo a outros partidos; e a votação mais demorada da proposta trabalhista no Senado, que não deverá levar menos de três semanas.

Segundo relatos de peemedebistas, entre os 64 parlamentares da legenda na Câmara, há pelo menos 20 dissidentes que ameaçam votar contra a proposta de mudanças no sistema previdenciário. Um dos núcleos de resistência é a bancada do Rio — dos 11 integrantes, cinco já declaram voto contrário.

Por isso, os ministros políticos do PMDB, com aval do presidente Michel Temer, começaram a articular a adesão integral da bancada do partido à proposta. A avaliação é que, sem o embarque total da sigla de Temer à reforma, fica reduzida a capacidade de apelo do Planalto aos demais aliados, como DEM e PSDB, fundamentais à aprovação do texto, que precisa de 308 votos. As informações são de O Globo

O líder peemedebista na Câmara, Baleia Rossi (SP), foi encarregado de conversar com todos os 64 deputados para tentar apresentar ao presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), a decisão da bancada já na próxima semana.

Jucá declarou que seu partido ainda não decidiu se fechará ou não posição sobre a reforma da Previdência. Segundo ele, o partido ainda não foi provocado por sua bancada de deputados.

— Primeiro, a gente quer ouvir o que a bancada tem a dizer, para levar para a executiva (do partido). O fechamento de questão não é uma posição de presidente, é uma posição da executiva, então cada coisa a seu tempo.

Os líderes dos partidos aliados admitem que o fechamento de questão por parte do PMDB é importante para incentivar outras bancadas a fazerem o mesmo. Isso, no entanto, não será automático.

O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Trípoli (SP), disse que o fechamento de questão não está em discussão no partido. Ele destacou que os integrantes da bancada na comissão especial foram orientados a rejeitar todos os destaques para preservar o texto final da reforma aprovado na semana passada. No entanto, segundo ele, o principal aliado do Planalto defende alterações quando a proposta for apreciada pelo plenário da Casa.

— Aprovamos o texto aqui na comissão. No plenário, é outra coisa — disse Trípoli.

Para o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), seu partido tem demonstrado apoio, como na aprovação da reforma trabalhista na Câmara. Portanto, ele não vê necessidade no fechamento de posição.

Já o líder do PRB, Beto Mansur (SP), admite que a dificuldade interna do PMDB em fechar questão é um dos principais obstáculos à aprovação da reforma da Previdência; o outro é a reforma trabalhista no Senado:

— Os deputados estão com receio de aprovar, e, depois, o Senado mudar.

TRABALHISTA É ENTRAVE

O estatuto do PMDB não prevê o afastamento automático de quem votar contra a decisão da bancada. Mas uma cláusula permite afastamento por até 12 meses em caso de “grave inobservância por ação ou injustificada omissão de princípios de unidade de ação e disciplina de votos” da bancada.

No caso da reforma trabalhista, o ideal, para os líderes da base aliada, seria se o projeto passasse mais rapidamente no Senado, sem alterações. A demora na tramitação da matéria teria como consequência o retardamento da votação da reforma da Previdência.

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